Quando os cientistas observaram o ATLAS, no ano passado, tinham a expectativa de que fosse o cometa mais brilhante da década. Mas o pedaço de gelo e poeira desintegrou-se.
O núcleo do cometa C/2019 Y4 (ATLAS) despedaçou-se entre 20 e 23 de abril do ano passado, quando se encontrava a cerca de 146 milhões de quilómetros de distância da Terra.
Os astrónomos acreditam que o ATLAS se separou de um cometa ancestral que fez uma passagem relativamente próxima do nosso planeta há cerca de 5.000 anos, chegando a apenas 37 milhões de quilómetros do Sol.
“O cometa pode ter sido uma visão espetacular para as civilizações da Eurásia e do Norte da África no final da Idade da Pedra”, escreveram os astrónomos da NASA, em comunicado. Mas não há qualquer pista sobre a sua existência.
Agora, um novo estudo sugere que o ATLAS seguiu o mesmo rasto orbital de um cometa observado em 1844. O indício que sustenta este “parentesco” é precisamente o facto de ambos os objetos apresentarem a mesma “linha orbital”, sugerindo que ambos são, provavelmente, produtos da desintegração de um cometa original.
Segundo o Space, o mais intrigante é que, ao contrário do “cometa pai”, o ATLAS se desintegrou quando estava mais longe do Sol do que da Terra.
Se se separou tão longe da nossa estrela, “como é que sobreviveu à última passagem ao redor do Sol há 5.000 anos?”, questionou o autor Quanzhi Ye. “É a primeira vez que um membro da família de um cometa de longo período foi visto a separar-se antes de passar mais perto do Sol”.
A observação dos fragmentos sugere estruturas ou composições diferentes: enquanto um fragmento do cometa se dissolveu em alguns dias, outro durou várias semanas. Os cientistas concluíram, por isso, que a parte do núcleo era mais forte do que a outra.
Os autores deste estudo têm algumas teorias sobre o motivo pelo qual os fragmentos tiveram diferentes tempos de vida, que podem, por sua vez, estar relacionadas com a composição desconhecida do antigo “cometa pai”.
“Faixas de material ejetado” podem ter “rasgado” o cometa com forças centrífugas, ou então os gelos voláteis destruíram a parte mais fraca.
O artigo científico foi publicado em julho no The Astronomical Journal.