Mulheres jornalistas afegãs estão a ser ameaçadas pelas forças talibãs. Muitas são obrigadas a esconder-se e temem pela sua vida.
A conquista dos talibãs no Afeganistão continua e o grupo assegurou esta sexta-feira a capital da província de Helmand, Lashkar Gah, no sul do país.
Esta conquista surge depois de os talibãs terem alcançado as cidades de Ghazni, Herat e Kandahar, e continuarem a aproximarem-se de Cabul. Feitas as contas, os talibãs já assumiram o controlo de dois terços do país.
Enquanto isso, as mulheres jornalistas afegãs temem pela sua vida. Em circunstância normais, ser-se mulher e jornalista no Afeganistão já é o suficiente para uma pessoa recear repercussões. Agora, com a aproximação dos talibãs, os riscos são ainda maiores.
Zahra Joya é uma jornalista afegã ouvida pela VICE, que confirma o clima de medo vivido dentro da redação. “Os talibãs vão-nos matar. É nossa responsabilidade partilhar as vozes das mulheres e os relatos do nosso país. Mas até escrever tornou-se muito difícil”, conta Joya.
Joya criou o Rukhshana Media, um órgão de comunicação constituído apenas por mulheres — um dos poucos no país. A equipa relata e escreve sobre as questões das mulheres no Afeganistão.
Poucos meses após o lançamento do jornal, Joya e a sua equipa viram-se não apenas a cobrir o conflito, mas também a tornarem-se alvos dos talibãs.
“A situação tornou-se desafiante para mulheres jornalistas, mais do que nunca”, disse Joya. “Todos as nossas jornalistas das províncias caídas estão atualmente sob ataque. Elas esconderam-se após receber ameaças. Algumas estão a morar em abrigos secretos em Cabul”.
Os talibã estão a ameaçar jornalistas — especialmente mulheres — através dos seus telemóveis, cartas ou redes sociais.
“Por favor, não perguntem como me sinto. Não sei como me sinto. Estou perdida, estou completamente perdida! O meu coração tornou-se o cemitério dos meus sonhos. Eu sinto que todos nos traíram! Eles nos mantiveram no escuro e nos deixaram na escuridão. Tenho certeza de que milhões de afegãos sentem o mesmo.
Please don’t ask me how do I feel. I don’t know how do I feel. I am lost I am completely lost! My heart has become the graveyard of my dreams. I feel like everyone betrayed us! They kept us in dark, & they left us in darkness. I am sure millions of Afghans feel the same.
— Shafiqa Khpalwak (@ShafiqaKhplwak) August 13, 2021
Aqueles que fazem as ameaças geralmente têm um conhecimento íntimo do trabalho, da família e do paradeiro de um jornalista, salienta a organização não-governamental Human Rights Watch.
Os talibãs negam as acusações. O seu porta-voz, Zabihullah Mujahid, diz que o relatório da Human Rights Watch é “infundado e baseado nas agências de inteligência de Cabul”.
Seria uma questão de tempo, o domínio dos talibãs. Quem se lembrar ainda da tentativa da República Soviética em dominar aquele país, o que não conseguiu em mais de 10 anos de intensa atividade militar, sabe do envolvimento da população com as milícias talibãs. O povo afegão é talibã e conta com ajuda da china e de outros países da região do golfo, que desejam ver os estados unidos e europeus a distancia. É preciso agora convencer os talibãs a respeitarem o direito e as leis internacionais e a colaborarem no concerto das nações, coisa que são bem capazes de fazer.
O povo afegão não é talibã. O povo afegão tem medo, isso sim, dos talibãs e é seu refém. Outra coisa: durante a guerra soviética do Afeganistão, os talibãs foram armados pelos americanos. Armas que foram, posteriormente, usadas contra os próprios americanos.