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Externato Ribadouro condenado por inflação de notas. Encerramento fica em suspenso e directora é afastada

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USP Imagens

A directora pedagógica do Externato Ribadouro, no Porto, foi suspensa de funções por inflação de notas e foi decretado o encerramento do estabelecimento por um ano lectivo, mas a decisão fica suspensa por dois anos.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Educação na sequência do processo disciplinar instaurado depois de a Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) ter detectado casos de inflação de notas reiterados durante os anos lectivos 2017/2018 e 2018/2019.

A diretora pedagógica do Externato Ribadouro foi, agora, sancionada com a suspensão de funções pelo período de um ano.

Já o Externato foi condenado ao encerramento por um ano lectivo, mas a pena fica suspensa pelo período de dois anos.

A IGEC apurou que a directora pedagógica revelou “negligência e má compreensão” dos seus deveres funcionais, tendo sido a sanção de suspensão graduada pelo máximo legal.

O inquérito revela ainda a “falta de rigor” do processo de avaliação das aprendizagens no Externato Ribadouro, o que justifica a pena de encerramento, embora suspensa.

A decisão assenta essencialmente em questões de incumprimento reiterado das regras de funcionamento.

As discrepâncias entre as classificações aprovadas pelos Conselhos de Turma e as pautas de frequência finais, bem como o uso de critérios de avaliação e respectivas ponderações não aprovadas, na sua totalidade, pelo Conselho Pedagógico, foram algumas irregularidades detectadas pela IGEC.

Turmas inteiras com notas de 19 e 20 valores

As averiguações foram desencadeadas na sequência de notícias que davam conta de classificações anormalmente altas a Educação Física, com turmas inteiras a receberem notas de 19 e 20 valores, bem como noutras disciplinas do secundário não sujeitas a exame nacional.

Neste caso, o processo instruído pela IGEC apurou que houve, entre outros, incumprimento sistemático de procedimentos obrigatórios, contribuindo para a frágil fiabilidade/fidelidade das classificações atribuídas; aulas contabilizadas, mas não sumariadas nem assinadas; e indevida dispensa temporária de alunos de actividades físicas sem qualquer justificação.

Em Abril de 2019, o Expresso noticiou a existência de uma invulgar concentração de classificações de 19 e 20 valores no final do segundo período na disciplina de Educação Física, situação que se repetiu em nove turmas do 10.º ano do Externato Ribadouro.

64 escolas sancionadas por irregularidades nas notas

A Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) instaurou nos últimos dois anos 66 processos disciplinares relacionados com irregularidades na atribuição de notas aos alunos, tendo aplicado 64 sanções a escolas, desde repreensões escritas à suspensão de funções, como avançou em Maio o Ministério da Educação.

Este ano, o Ministério da Educação não apresentou novos dados sobre as escolas que inflacionam as notas, explicando que não era possível calcular esse indicador, porque, em 2020, os exames foram aplicados exclusivamente para efeitos de acesso ao ensino superior e nas disciplinas escolhidas por cada aluno.

Desde 2015 que o Ministério divulga o indicador que compara as notas internas dos alunos de cada escola com as classificações atribuídas por todas as outras escolas do país a alunos que tiveram resultados semelhantes nos exames nacionais. Através da comparação, feita ao longo de cinco anos, é possível identificar os estabelecimentos de ensino que estão a inflacionar as notas.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Enquanto estes assuntos forem tratados com paninhos quentes ” …condenado ao encerramento por um ano lectivo, mas a pena fica suspensa pelo período de dois anos.” isto continuara a ser sempre o mesmo regabofe de irresponsabilidade e negociatas. Encerrava e ponto final.

  2. E, além deste, quantos outros o farão? E continuamos a ordenar o aproveitamento dos nossos alunos com base nesta falácia ?! Para quando o fim da farsa do ranking das escolas? É a maior injustiça injustiça social a que já assisti. Não brinquem com o futuro dos jovens do ensino público que são ultrapassados por estes chicos espertos que, com as médias inflacionadas, entram no ensino público para os cursos com “numerus clausus” graciosamente e os outros vão para o privado pagando avultadas propinas se quiserem. Mas que fazer? O sistema assim permite!

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