Os especialistas receiam que a subida dos internamentos ponha em causa a capacidade de resposta aos doentes não-covid. Em Lisboa, está-se perto desse limite.
Os dados da DGS desta sexta-feira indicam que há 532 pessoas hospitalizadas em Portugal. Deste total, 118 doentes estão internados em unidades de cuidados intensivos. Dos 2.436 novos casos de covid-19 registados ontem, a maioria foi registada na região de Lisboa e Vale do Tejo, num total de 1.371 novas infeções.
A Grande Lisboa tem agora 71 doentes em cuidados intensivos e aguenta um máximo de 100 antes de ter de desviar camas, avança o Expresso.
“Ao ritmo atual de novas infeções, poderemos atingir esse limite já no final da primeira semana de julho. O nosso plano, para não perturbar a restante atividade, é transferir doentes para outras regiões”, diz ao semanário João Gouveia, coordenador da Resposta Nacional de Medicina Intensiva.
“Neste momento, só estamos bem na região Centro, pois nas restantes já começamos a estar aflitos. É verdade que o número de novas infeções é baixíssimo comparado com o que já tivemos, mas tem impacto, porque não queremos prejudicar a restante atividade hospitalar”, acrescentou.
Em todo o território nacional, o SNS tem capacidade para ter um total de 245 doentes em cuidados intensivos sem comprometer a restante atividade hospitalar. Portugal está neste momento a quase metade desse limite.
“Há menos doentes internados nas enfermarias, mas há uma percentagem maior nos cuidados intensivos”, explica João Gouveia. Os doentes críticos são mais jovens agora, sendo que metade tem menos de 55 anos.
Sem medidas mais duras do Governo, a única maneira de travar a subida de casos é com a vacinação massiva, argumenta Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), em declarações ao Expresso.
Portugal tem, de momento, 32% da população com vacinação completa e 52% com uma dose.