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Nem todas as espécies estão infelizes com as alterações climáticas

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Um novo estudo expôs a grande capacidade das serpentes se adaptarem a condições mais rigorosas, como temperaturas altas, e a pouca necessidade que sentem em alimentarem-se e consumir calorias necessárias às suas atividades. Um único esquilo pode ser o suficiente para as manter vivas durante um ano.

Apesar dos avisos que nos chegam diariamente e que relacionam as alterações climáticas com o desaparecimento de biodiversidade — devido à alteração na estrutura dos ecossistemas —, há espécies que parecem beneficiar do progressivo aquecimento do planeta terra. É o caso das cobras cascavéis.

Segundo um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade Politécnica da Califórnia, há um conjunto de fatores que beneficiam esta espécie, frequente no território norte-americano (com espacial destaque para os estados do sudoeste), quando as temperaturas são particularmente altas.

Em primeiro lugar, as serpentes são especialistas em termoregulação. Quando lhes é dada escolha, preferem temperaturas corporais na ordem dos 86-89 graus Fahrenheit (o equivalente a 30-31.6 graus Celsius), um valor muito mais elevado do que sentem na Natureza.

De acordo com as observações feitas, a temperatura média de uma cobra cascavel, em zonas costeiras, situa-se nos 70 graus (21 Celsius), aumentando para os 74 (23 Celsius) quando se trata de território mais interior.

“Estamos surpreendidos por vermos quão mais baixas são as temperaturas das cobras selvagens quando comparadas com as suas temperaturas corporais preferenciais em ambiente de laboratório”, revelou Hayley Crowell, a investigadora que liderou a investigação, divulgada o mês passado pelo site Wiley Online Library.

“Há muita pressão ecológica na natureza que as pode impedir de ovular, como por exemplo o maior risco de exposição a predadores.” Como tal, um clima mais quente talvez ajude estas cobras a “aquecer” para temperaturas que são mais adequadas para a digestão ou reprodução, sublinha o Science Daily.

Paralelamente, períodos mais longos de temperaturas elevadas poderiam dar às serpentes uma época ativa mais longa para atividades essenciais — sendo a mesma lógica válida tanto para as épocas do ano como para um só dia.

Dado que são espécies ectotérmicas, as cobras não podem regular a sua temperatura corporal como fazem os animais “de sangue quente”. Estão, por isso, dependentes da sua envolvência para gerar calor, o que limita a sua ação no tempo de clima frio.

A ausência de presas, como consequência do calor, pode não representar uma dificuldade significativa para as cobras cascavéis. De acordo com as conclusões apresentadas, esta espécie usa a energia de forma extremamente eficiente.

Como tal, uma serpente cascavel adulta macho precisa de apenas de 500 a 600 calorias durante um ano inteiro, o equivalente a um esquilo terrestre.

Apesar de no mundo real as cobras precisarem de um número mais elevado de calorias para sustentar as restantes atividades diárias, com caçar e dar à luz, os cálculos apresentados pelos cientistas revelam uma grande capacidade de sobrevivência, mesmo que as presas não sejam abundantes. Numa comparação direta, os humanos precisariam de 1.300 vezes mais calorias para sobreviver.

“As cascavéis precisam de baixos níveis de energia para existir”, resumiu Crowell.

Atualmente, estas cobras estão espalhadas pela Califórnia e sete variantes podem ser encontradas desde o litoral ao deserto. Um aumento do número de exemplares, defendem os investigadores, pode afetar um ecossistema inteiro, já que esta espécie é a predadora primordial de esquilos — que são presas para as aves de rapina.

“Estamos tão habituados a estudos sobre as alterações climáticas que antecipam impactos negativos na vida selvagem. É interessante ver descobertas tão diferentes para estas cobras”, comentou a investigadora e doutoranda na Universidade do Michigan.

ZAP //

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