Um novo estudo mostra que as pessoas da Idade do Ferro também tinham as chamadas “coisas problemáticas”: coisas que não conseguiam deitar fora, por motivos emocionais.
Todos temos aqueles objetos dos quais não nos conseguimos desfazer. E curiosamente, revela o jornal The Guardian, os nossos antepassados também sofriam deste mesmo mal.
Segundo a arqueóloga Lindsey Büster, da Universidade de York, as colheres de osso e peças de jogo encontradas entre as paredes de uma casa da Idade do Ferro, em Broxmouth, na Escócia, bem como as pedras de amolar debaixo do seu chão, podem ser um bom exemplo disso.
A investigadora considera que a localização destes objetos não foi acidental e o seu pouco valor também mostra que não foram guardados por serem valiosos. Em vez disso, Büster acha que poderiam ser aquilo que rotulou de “coisas problemáticas”, ou seja, coisas que não podiam deitar fora, mesmo que já não fossem necessárias ou que ninguém gostasse delas, por motivos emocionais.
“Temos coisas como bens sepulcrais, que as pessoas entendem como algo para acompanhar os mortos na vida após a morte, e temos tesouros – objetos realmente brilhantes depositados em certos lugares sem corpos, que as pessoas interpretam como talvez presentes para os deuses ou escondidos para ficarem protegidos”, explica.
“Mas depois temos esta categoria de artefactos – estes objetos que não vão necessariamente acompanhar os falecidos e que não têm alto valor material –, mas claramente não são só lixo também. Foram depositados de forma muito deliberada”, acrescenta.
Büster nota ainda que os ritos funerários na Idade do Ferro significavam que raramente havia um túmulo para colocar coisas problemáticas. “É por isso que penso que foram incorporados nas casas de maneiras diferentes”, declara.
A investigadora acrescenta que esta ideia de “coisas problemáticas” ainda hoje acontece e cria uma ligação entre a nossa sociedade e as pessoas do passado.
“Toda a gente tem aquela caixa de coisas no sótão, no armário, ou debaixo da cama, que não sabe bem o que lhe fazer, mas não está pronta para a deitar fora”, compara.
O estudo foi publicado, a 22 de junho, na revista científica Antiquity.