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Espanha recua na obrigatoriedade de teste covid-19 nas fronteiras

Afinal, Espanha vai voltar atrás com a obrigatoriedade de apresentação de prova de vacinação ou de teste negativo, a quem cruze as fronteiras terrestres vindo de Portugal.

Ao contrário do que tinha sido anunciado este fim de semana, Espanha decidiu não avançar com a exigência de teste ou prova de vacinação a quem viaje de Portugal através de fronteiras terrestres.

De acordo com o Diário de Notícias, depois de “intensas conversações diplomáticas” que terão ocorrido esta segunda-feira, Espanha admitiu o “erro” que teria um grave impacto na relação política e económica entre os dois países e, por isso, vai corrigi-lo.

“Tivemos contactos muito intensos a todos os níveis com o governo espanhol durante a tarde e a noite de ontem [segunda-feira] e ainda durante a noite de ontem recebemos a confirmação por parte das autoridades espanholas que, de facto, se tratava de um lapso que iria ser corrigido hoje [terça-feira] e, portanto, é isso que vai acontecer”, disse Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.

O despacho do Ministério da Saúde espanhol, que foi publicado no domingo na página oficial do Consulado Geral de Espanha em Portugal, determinava que a partir de 7 de junho todas as pessoas com mais de seis anos que cruzassem a fronteira terrestre deveriam dispor das mesmas “certificações sanitárias” exigidas a quem entra no país por via aérea e marítima, ao contrário do que acontecia até aqui.

A medida motivou uma forte reação por parte de várias autoridades regionais dos dois lados da fronteira e já tinha levado o Governo português a ameaçar Espanha com ações de retaliação.

Esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, assegurou que só poderia tratar-se de um “erro” e ameaçou com uma retaliação.

“Pedimos esclarecimentos sobre esta questão às autoridades espanholas, aguardamos que sejam prestados o mais rapidamente possível, porque, se não, teríamos de adotar, da nossa parte, medidas de reciprocidade equivalentes, tendo em conta que a situação epidemiológica de Espanha é, desde logo, pior do que a vivida em Portugal”, afirmou.

Marcelo achou “muito estranho”

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse achar “muito estranho” que Espanha passasse a exigir um teste negativo à covid-19 a quem viajasse de Portugal por via terrestre sem ter informado o governo português.

“Naturalmente, tendo vindo de Espanha há dois dias, acho que não é estranho, é muito estranho que isso tenha ocorrido sem uma palavra ao Governo português”, afirmou, reforçando: “Eu acompanho o governo, obviamente, naquilo que é a estranheza por, de repente, haver um dos países que adota uma posição unilateral”.

Marcelo Rebelo de Sousa falava à chegada à Madeira, onde ficará até quinta-feira, 10 de junho, com um programa intenso, para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

O chefe de Estado recordou que houve sempre a preocupação de ajustar entre os dois países as medidas adotadas em relação à covid-19.

“Por isso é que, e bem, o governo entende que é estranho”, afirmou.

Espanha passou a exigir, desde hoje, a quem viajar de Portugal por via terrestre um teste negativo à covid-19, certificado de vacinação ou de recuperação da doença, segundo o Consulado Geral de Espanha em Portugal.

Esta medida já se aplica a quem viajava de Portugal para Espanha pelas vias marítimas ou aéreas, sendo a partir de hoje obrigatório para quem cruzar a fronteira terrestre.

O deputado André Ventura, do Chega, também mostrou indignação, questionando o Governo sobre os motivos invocados por Espanha para justificar as medidas de controlo fronteiriço devido à covid-19 e querendo saber se Portugal iria fazer as mesmas exigências.

Dirigindo-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, o deputado único do Chega quis saber se a decisão comunicada por Espanha foi acertada com o Governo português.

André Ventura questionou também os dois ministros sobre “os motivos invocados pelo Governo espanhol para sustentar tal decisão” e se da parte de Portugal se iria verificar uma “reciprocidade de procedimentos”.

“O nosso país parece uma vez mais ser apanhado literalmente desprevenido por autoridades estrangeiras, circunstância que desprestigia Portugal e os portugueses e que parece merecer, da parte do executivo português, um incompreensível silêncio e/ou desconhecimento da realidade que nos rodeia”, frisou o deputado do Chega.

Além da decisão do Governo espanhol, André Ventura recordou a retirada de Portugal dos destinos considerados seguros pelo Reino Unido salientou que a situação “mais se parece assemelhar a um verdadeiro boicote ao povo português” e exige aos governantes “esclarecimentos cabais e medidas proporcionais”.

O líder do Chega considerou que, além do “desprestígio ao país, estas decisões representam também uma realidade muito preocupante para a retoma da economia nacional, que se afigurava menos negativa com a chegada do verão”.

Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa

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