O Presidente do Mali e o primeiro-ministro de transição, presos na segunda-feira e demissionários de acordo com os militares, foram libertados durante a noite, disse um oficial militar à agência France-Presse (AFP).
“O primeiro-ministro e o Presidente de transição foram libertados por volta das 01h30 (horário local). Mantivemos a nossa palavra”, disse este oficial militar, sob condição de anonimato.
Diversos membros da família confirmam a libertação. Os dois homens voltaram para casa, em Bamako, sem que as condições para sua libertação tivessem sido especificadas, acrescenta a AFP.
A libertação foi uma das reivindicações da comunidade internacional face ao que corresponde ao segundo golpe de Estado no Mali em nove meses.
O homem forte no poder do Mali, o coronel Assimi Goita, fez com que o Presidente, Bah Ndaw, o primeiro-ministro, Moctar Ouane, mas também o novo ministro da Defesa, que tinha acabado de ser escolhido, bem como outras personalidades de destaque, fossem presos na segunda-feira.
O coronel Goita acusou-os de terem formado um novo Governo sem o consultar enquanto vice-presidente encarregado das questões de segurança, um papel fundamental num país em turbulência e com violência de todos os tipos, incluindo jihadistas.
Os soldados indicaram na terça-feira que Ndaw e Ouane renunciaram, sem que ninguém soubesse em que condições, e Goita garantiu a realização de novas eleições em 2022.
Desde a sua detenção, o Presidente e o primeiro-ministro de transição foram mantidos em segredo no campo militar de Kati, a cerca de 15 quilómetros de Bamako.
O Conselho de Segurança da ONU condenou esta quinta-feira, em declaração aprovada por unanimidade, a destituição pelos militares das autoridades de transição no Mali, sem falar em golpe de Estado, nem prevendo a possibilidade de medidas coercivas.
“Os membros do Conselho de Segurança condenam veementemente a prisão do Presidente e do primeiro-ministro responsável pela transição, bem como de outros funcionários por elementos das forças armadas”, lê-se na declaração tornada pública.
“Impor uma mudança de rumo da transição pela força, inclusive por renúncias forçadas, (é) inaceitável”, especifica o texto.
Desde a sua independência de França, em 1960, o Mali foi palco de vários golpes de Estado, resultantes de motins por militares em 1968, 1991, 2012 e 2020.
// Lusa