Com a ajuda de um desenho com 400 anos, uma equipa de investigadores conseguiu encontrar o local onde estavam enterrados dois navios Viking.
Em 1650, o antiquário Ole Worm, da Universidade de Copenhaga, fez desenhos de um cemitério de navios Viking na pequena ilha dinamarquesa de Hjarnø. As suas representações mostravam mais de 20 túmulos de navios, mas até agora só tinham sido encontrados dez.
Agora, graças ao desenho de Worm e à tecnologia moderna, investigadores da Universidade Flinders, na Austrália, descobriram mais dois navios Viking enterrados no local, escreve o All That’s Interesting.
“O nosso estudo identificou duas novas áreas elevadas que poderiam na verdade ser configurações de navios que se alinham com os desenhos de Worm de 1650”, disse Erin Sebo, autora principal do artigo publicado no The Journal of Island and Coastal Archaeology.
“Um parece ser um cenário típico de navio e o segundo permanece ambíguo, mas é impossível saber sem escavações e investigação adicional”, acrescentou, num comunicado divulgado pelo site da universidade australiana.
A equipa de investigadores usou várias abordagens, estudando registos medievais e recorrendo a fotogrametria aérea e análise com tecnologia LIDAR.
O folclore escandinavo está repleto de referências a esta pequena ilha, conhecida como Kalvestene. O conto mais famoso diz que os Vikings colocaram pedras como um tributo a um rei chamado Hiarni. Segundo a lenda, Hiarni tornou-se rei depois de escrever um poema particularmente bonito sobre o anterior rei, a quem ele derrotou em batalha na ilha.
“A ilha era famosa provavelmente porque os navios teriam que navegar para chegar a um centro de comércio em Horsens e artefactos sugerem que a ilha foi visitada por comerciantes estrangeiros”, diz Sebo.
Os investigadores também concluíram que o sítio de enterro dos navios parece mais tipicamente sueco do que dinamarquês.
Os autores ponderam agora a possibilidade de este cemitério poder ter sido uma espécie de tributo pan-Viking ao deus nórdico Njord.
Apesar de terem sido encontrados dois navios, o coautor Jonathan Benjamin explicou que o estudo não pode oferecer prova definitiva de que as ilustrações de Worm eram totalmente precisas.
“Embora este estudo não seja capaz de oferecer uma compreensão conclusiva das origens de Kalvestene, ele demonstra o valor de combinar a crítica e análise das fontes com dados arqueológicos para contribuir para uma maior compreensão sobre o local”, acrescentou Benjamin.