O novo estudo dá indicações sobre a segurança da administração de vacinas de marcas diferentes – uma das opções possíveis em Portugal para o meio milhão de pessoas com menos de 60 anos que receberam a primeira da dose da vacina da AstraZeneca.
Os resultados preliminares do estudo, que foi publicado na revista The Lancet, indicam que, ao misturar vacinas de diferentes marcas, não foram detetados quaisquer efeitos ao nível da coagulação do sangue.
Estas conclusões podem levar a que muitos países, incluindo Portugal, se mostrem interessados no resultado desde ensaio, chamado ComCov, que neste momento incluiu 830 participantes distribuídos por quatro grupos.
Numa altura em que ainda existem muitas dúvidas sobre a vacina da AstraZeneca, os países querem perceber se é seguro administrar uma segunda dose de outra vacina a quem tomou a primeira desta marca.
No entanto, os dados revelam que tomar vacinas de tecnologias diferentes na primeira e na segunda dose faz aumentar os efeitos secundários nas primeiras 48 horas após a sua administração. Ainda assim, o estudo frisa que estes são passageiros e tratáveis com paracetamol.
“Houve aumentos semelhantes para efeitos como arrepios, fadiga, dores de cabeça, articulares e musculares, mal-estar. Mas não houve hospitalizações devido aos sintomas”, escrevem os cientistas. Os voluntários foram aconselhados a tomar paracetamol e a maior parte das reações desapareceu nas 48 horas após a imunização.
“É importante que não tenham surgido sinais de preocupação ou segurança. Mas isto ainda não nos diz se a resposta imunitária será afetada”, frisou Matthew Snape, coordenador da equipa da Universidade de Oxford que está a fazer o ensaio clínico, iniciado em fevereiro, citado pela Sky News.
Para já, a Direção-Geral da Saúde aguarda os resultados deste e outros estudos em curso para poder atualizar as recomendações sobre a toma da segunda dose da AstraZeneca, que em Portugal acontece com 12 semanas de intervalo e está recomendada para maiores de 60 anos, recorda o Público.
Enquanto os resultados completos não são conhecidos, em Portugal as pessoas com menos de 60 anos que foram vacinadas com a primeira dose da AstraZeneca têm duas alternativas: ou tomam a segunda dose da mesma marca às 12 semanas ou ficam a aguardar os resultados deste e outros estudos em curso sobre a mistura de vacinas.
Dispensa do uso de máscara para vacinados
Numa altura em que grande parte da população já tomou pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19, começam a surgir dúvidas sobre a necessidade de manter o distanciamento social e a utilização de máscara.
Raquel Duarte, uma das autoras do plano de desconfinamento, disse ao Público que a máscara vai continuar a fazer parte do dia-a-dia da generalidade da população, mas para os já vacinados contra a covid-19 há cenários em que esta não será necessária.
A grande parte dos especialistas ouvidos pelo Público concorda com a dispensa das máscaras na população que já foi vacinada e em alguns contextos específicos.
No entanto, alertam que é necessário observar o impacto da vacinação na evolução dos internamentos e das mortes por covid-19 e voltar atrás nas medidas sempre que necessário.
“Acho que devemos seguir o caminho e as aprendizagens dos outros países e o que eles estão a fazer é dispensar as pessoas vacinadas em espaços abertos (como na rua), por exemplo, de utilizar a máscara. Isso está a ser feito neste momento e os resultados são positivos”, refere Tiago Correia, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa ao Público.
Para já, ainda não há nenhuma indicação da DGS sobre este assunto, e apesar dos pareceres dos especialistas, toda a população deve manter a máscara sempre que sai de casa.
Com o processo de vacinação a decorrer de forma célere, e com mais de quatro milhões de doses já administradas, os portugueses dão sinais de ter confiança.
Segundo a Sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, questionadas sobre como irão reagir quando chegar a sua vez, 82% das pessoas responderam que irão receber a vacina contra a covid-19 assim que forem chamadas.
Pelos vistos há estudos para todos os gostos….
“Covid-19: Misturar vacinas diferentes causa mais efeitos secundários, mostra novo estudo”
“A administração de uma dose da vacina da Pfizer seguida de uma da vacina da AstraZeneca (ou vice-versa) induz uma maior frequência de efeitos secundários ligeiros a moderados, em comparação com duas doses padrão de qualquer uma das vacinas.
A conclusão é de um estudo britânico, citado pelo ‘The Guardian’, que explora a segurança e eficácia de estratégias de vacinação mistas, que estão a ser consideradas em vários países, para fortalecer programas de distribuição de vacinas.
A pesquisa contou com 830 participantes de 50 anos ou mais, alguns dos quais com doenças associadas e testou quatro combinações de vacinas: AstraZeneca com AstraZeneca; AstraZeneca com Pfizer; Pfizer com Pfizer e Pfizer com AstraZeneca.”