Para uma criança, a melhor parte de uma refeição de fast food não é a comida, mas o brinde que vem juntamente com a refeição.
Os anúncios televisivos de fast food são regidos por diretrizes que determinam que a publicidade deve concentrar-se na refeição e que o brinde deve ser secundário. Jennifer Emond e a sua equipa investigaram se os anúncios televisivos de fast food nos Estados Unidos respeitavam essas diretrizes e o relatório foi recentemente publicado na Pediatrics.
De acordo com o EurekAlert, os investigadores descobriram que o uso desproporcional de brindes em anúncios televisivos de fast-food direcionados a crianças é enganoso.
A investigação concluiu que os anúncios enfatizam os brindes em demasia em relação ao produto principal que está a ser vendido, o próprio fast food.
Esta prática de marketing viola as próprias diretrizes do setor – estabelecidas para garantir que o uso de brindes em anúncios não seja enganoso ou injusto – uma vez que as crianças não têm a capacidade cognitiva de entender a publicidade.
Da mesma forma, a prática atua contra os esforços de prevenção da obesidade infantil. Apesar dos números altos de crianças norte-americanas acima do peso recomendado, o fast food é fortemente promovido e consumido regularmente.
Neste estudo, os investigadores analisaram o conteúdo dos anúncios televisivos de fast food da Disney XD, Nickelodeon, Nicktoons e Cartoon Network, transmitidos de 1 de fevereiro de 2019 a 31 de janeiro de 2020.
A equipa quantificou a percentagem da transcrição de áudio (contagem de palavras) e tempo de antena visual (segundos) que incluíam brindes ou comida, assim como o tamanho dos brinquedos. Durante o período do estudo, que incluiu 142 horas de tempo total, mais de 20 mil anúncios dirigidos a crianças de 11 restaurantes fast food foram veiculados nas quatro redes de TV.
Dos 28 anúncios exclusivos dirigidos a crianças durante o ano de estudo, 27 eram do McDonald’s, e equivaliam a 99,8% do tempo total de antena.
Em média, os brindes representaram 53% das palavras na transcrição de áudio e 59,2% do tempo de transmissão visual.
As empresas “não cumprem as suas próprias diretrizes”, reagiu Jennifer Emond. “É preciso responsabilizá-las – através de uma supervisão mais forte do marketing direcionado a crianças nos Estados Unidos, de um órgão de revisão independente ou de uma agência reguladora”, rematou.