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TAP está a usar um algoritmo para selecionar quem deve ser despedido

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A companhia aérea está a usar um algoritmo para selecionar entre 435 e 500 trabalhadores para despedir, no âmbito do plano de reestruturação da empresa.

De acordo com a rádio Renascença, os trabalhadores da TAP ficaram a saber da existência deste algoritmo, desenvolvido pela consultora norte-americana Boston Consulting Group, no final de abril. O objetivo é selecionar entre 435 e 500 trabalhadores para despedir.

Produtividade/Absentismo, Experiência, Contributo, Custo e Habilitações são os parâmetros que estão a ser aplicados, que despertaram dúvidas e receios entre os funcionários, nomeadamente sobre a própria legalidade do método.

Contactados pela rádio, especialistas na área do Direito do Trabalho explicaram que usar um algoritmo não é ilegal, desde que haja uma pessoa a definir os parâmetros e a tomar a decisão final e que os trabalhadores sejam informados desses mesmos parâmetros.

“A identificação dos critérios deve ser o mais transparente possível para que os trabalhadores possam avaliar se estão ou não bem avaliados segundo esses mesmos critérios. É desejável que os critérios, a sua avaliação, a sua ponderação e o método de escolha sejam do conhecimento dos trabalhadores”, explicou o advogado Eduardo Castro Marques à Renascença.

Teresa Coelho Moreira, professora da Escola de Direito da Universidade do Minho, também afirmou que “o trabalhador tem o direito de saber como é que foi selecionado, a quota parte [dos critérios], o peso e como é que chegou àquela situação”.

Um trabalhador da companhia aérea contou que os trabalhadores selecionados são chamados às reuniões para negociar as medidas de adesão voluntária, sendo-lhes dito o principal motivo, mas sem conhecer o peso de cada parâmetro na decisão final.

Em declarações ao semanário Expresso, a 3 de maio, fonte oficial da TAP garantiu que “as métricas aplicadas apreciam períodos plurianuais, permitindo uma avaliação equitativa e consistente” e que o “modelo é de aplicação objetiva, o que imprime robustez e transparência ao processo de seleção e identificação, que conta com a participação colaborativa de todas as áreas responsáveis”.

“É também nas reuniões individuais e presenciais realizadas com este grupo de trabalhadores, identificados de acordo com os referidos critérios, que a aplicação objetiva dos critérios definidos é balanceada com a explicação e análise de cada caso particular feita de pessoas para pessoas”, disse a mesma fonte ao jornal.

Segundo a Renascença, outra questão levantada pelo uso do algoritmo está relacionada com a proteção dos dados pessoais dos trabalhadores, que podem ser acedidos pela Boston Consulting Group, noticiada então pelo Jornal Económico.

Castro Marques explicou à rádio que, se esta situação estiver mesmo a acontecer, a “TAP tinha pelo menos a obrigação de informar os trabalhadores de quais os dados que iam ser fornecidos a uma entidade terceira, durante quanto tempo e para que finalidade”.

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Henrique Louro Martins, já fez duras críticas ao uso deste algoritmo e informou que o sindicato vai recorrer a meios judiciais para ‘tirar a limpo’ esta situação.

“Quando um trabalhador é chamado a uma empresa e é-lhe apresentado um resultado de um algoritmo, e a empresa comunica-lhe que ele faz parte de um excesso, que reúne as condições para sair da empresa, isto não tem outro nome senão pressão e alguma coação. As pessoas são chamadas, é-lhes apresentada esta situação e eles podem chamar a isto a uma rescisão por mútuo acordo, mas a pessoa é quase que chamada a assinar a sua própria saída”, criticou.

“Acho que é preciso perceber que nós somos mais do que números, somos pessoas. Isso não está a ser acautelado. As pessoas estão a ser tratadas como números. Pessoas que têm 20, 30 anos de casa, e mesmo que tivessem dois ou três. Ninguém pode ser observado desta maneira”, lamentou ainda o dirigente.

Na semana passada, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assegurou que a TAP, tendo como principal acionista o Estado, não implementará políticas que não respeitem os trabalhadores e a legislação dos países onde tem atividade.

ZAP //

10 Comments

  1. Um algoritmo para auxiliar a classificar trabalhadores por produtividade, absentismo e resultados de avaliação… onde é que já se viu?

    • Exatamente… Onde é que já se viu utilizar critérios para se despedir trabalhadores?? Mas julgam que isto é alguma empresa? Na TrAP, não se despede ninguém!!

  2. Quando a TAP, sob pressão dos sindicatos e gestão populista, contratou a seu belo prazer funcionários a mais , que alguém teria de pagar, leia-se os contribuintes, ninguém levantou a voz , agora que é necessário despedir anda tudo aos berros.
    Como a TAP é o Estado em geral , contrata funcionários , que não fazem coisa nenhuma para ir buscar votos , mas depois quem paga é o Zé pagode

    • A TAP nunca contratou funcionários por excesso! Devido ao aumento substancial da frota, a TAP recorreu imediatamente à contratação massiva de funcionários especialmente para o voo! O que ninguém sabe é que durante esse aumento de frota, não houve um aumento substancial de funcionários na manutenção das aeronaves! Estes foram espremidos e sobrecarregados com poucas horas de descanso semanal e excesso de trabalho com poucas condições para cumprir os prazos limites de manutenção dos aviões! Estava pré acordado que com a aquisição da nova frota, a TAP iria abater ou vender alguns aviões da frota antiga! Então estes gestores de meia tigela, fizeram contratos ridiculamente desacertados e por excesso! Agora, o que nós assistimos na TAP é uma reestruturação criminosa com o que já foi o maior orgulho da TAP! A sua manutenção e as garantias de segurança de voos tranquilos! Atingiram a manutenção com punho de ferro e será impossível garantir sustentabilidade a uma empresa destas se existe a probabilidade de contratar empresas como a LAS (mão de obra mecânica) como fizeram em Faro, para executar as tarefas que os seus funcionários iriam desempenhar a um custo muito mais reduzido! São os atuais administradores da TAP e em especial, o Ministro dos transportes, os verdadeiros criminosos em Portugal, estando a fazer tudo o que está ao seu alcance para omitir as formas de coação psicológica aplicadas sobre os funcionários que são chamados a entrevistas onde supostamente seria apenas para aceitar uma rescisão por mútuo acordo!
      Alegam excesso de estudos ou a falta dele; alegam vencimentos demasiado elevados devido à antiguidade, ou pouca antiguidade; Alegam absentismo ilegalmente contabilizando baixas médicas, ao invés de contabilizarem faltas injustificadas ou processos disciplinares; alegam inadaptação aos serviços desempenhados numa área onde já executam as suas funções há mais de 20 anos! CLARAMENTE NÃO HÁ UM ALGORITMO CERTO!!! Há uma vontade de omitir modos de coação psicológica onde afirmam por outras palavras que, as pessoas mesmo sendo válidas para ajudar numa reestruturação da TAP, estão por excesso, mostrando-lhes claramente que são apenas fardos pesados por motivos estapafúrdios e quase sem deixar a hipótese de escolha aos trabalhadores. A verdade é que alegar baixas ou como em alguns casos doenças de trabalho deveria ser considerado criminoso! Acima de tudo, não há um algoritmo certo que possa selecionar essas pessoas para o despedimento coletivo! Mas vão fazê-lo na mesma, simplesmente porque não quiseram ter trabalho e aplicar uma justiça uniforme com a forma de seleção dos funcionários! Assim sendo, auguro que se todos os funcionários recorrerem aos tribunais, em caso de despedimento coletivo, as indemnizações que vão ganhar, ESSAS SIM VÃO SAIR DOS COFRES DO ESTADO DEVIDO À MÁ GESTÃO DOS BURLÕES QUE OCUPAM CARGOS DE ADMINISTRAÇÃO NA TAP.

  3. Era melhor atirar a moeda ao ar?
    Ou pô-los a correr pela pista fora e os últimos 500 seriam os despedidos?
    Ou mandá-los fazer a Prova Zero dos Comandos e ver quem resistia?

    Tanta pura donzela ofendida !!!!!

  4. Pois, eu tenho curiosidade em saber que resultado se obteria se usassem um algoritmo para decidir se a TAP é viável ou não, se a TAP devia ser nacionalizada ou não, se se justifica enterrar tantos milhões na TAP ou não.

    Calculo que os resultados não seriam muito diferentes independentemente dos algoritmos usados, e parece-me que os resultados não apontariam no sentido das últimas decisões tomadas…

  5. Está-me a parecer que o que se pretende é engonhar o mais possível até cair o dinheirinho da UE ou dos contribuintes e daqui um ano ou dois chegamos a conclusão que os pilotos continuam a ganhar mais do que os congéneres alemães e que afinal só saiu quem estava na calha para se reformar e que ainda levou uma recompensa monetária pelos seus bons anos de serviço.

  6. Pois, eu tenho curiosidade em saber que resultado se obteria se usassem um algoritmo para decidir se a TAP é viável ou não, se a TAP devia ter sido nacionalizada ou não, ou se se justifica enterrar tantos milhões na TAP.
    Calculo que os resultados não seriam muito diferentes independentemente dos algoritmos usados, e também me parece que os resultados não apontariam no sentido das últimas decisões tomadas…

  7. A TAP nunca contratou funcionários por excesso! Devido ao aumento substancial da frota, a TAP recorreu imediatamente à contratação massiva de funcionários especialmente para o voo! O que ninguém sabe é que durante esse aumento de frota, não houve um aumento substancial de funcionários na manutenção das aeronaves! Estes foram espremidos e sobrecarregados com poucas horas de descanso semanal e excesso de trabalho com poucas condições para cumprir os prazos limites de manutenção dos aviões! Estava pré acordado que com a aquisição da nova frota, a TAP iria abater ou vender alguns aviões da frota antiga! Então estes gestores de meia tigela, fizeram contratos ridiculamente desacertados e por excesso! Agora, o que nós assistimos na TAP é uma reestruturação criminosa com o que já foi o maior orgulho da TAP! A sua manutenção e as garantias de segurança de voos tranquilos! Atingiram a manutenção com punho de ferro e será impossível garantir sustentabilidade a uma empresa destas se existe a probabilidade de contratar empresas como a LAS (mão de obra mecânica) como fizeram em Faro, para executar as tarefas que os seus funcionários iriam desempenhar a um custo muito mais reduzido! São os atuais administradores da TAP e em especial, o Ministro dos transportes, os verdadeiros criminosos em Portugal, estando a fazer tudo o que está ao seu alcance para omitir as formas de coação psicológica aplicadas sobre os funcionários que são chamados a entrevistas onde supostamente seria apenas para aceitar uma rescisão por mútuo acordo!
    Alegam excesso de estudos ou a falta dele; alegam vencimentos demasiado elevados devido à antiguidade, ou pouca antiguidade; Alegam absentismo ilegalmente contabilizando baixas médicas, ao invés de contabilizarem faltas injustificadas ou processos disciplinares; alegam inadaptação aos serviços desempenhados numa área onde já executam as suas funções há mais de 20 anos! CLARAMENTE NÃO HÁ UM ALGORITMO CERTO!!! Há uma vontade de omitir modos de coação psicológica onde afirmam por outras palavras que, as pessoas mesmo sendo válidas para ajudar numa reestruturação da TAP, estão por excesso, mostrando-lhes claramente que são apenas fardos pesados por motivos estapafúrdios e quase sem deixar a hipótese de escolha aos trabalhadores. A verdade é que alegar baixas ou como em alguns casos doenças de trabalho deveria ser considerado criminoso! Acima de tudo, não há um algoritmo certo que possa selecionar essas pessoas para o despedimento coletivo! Mas vão fazê-lo na mesma, simplesmente porque não quiseram ter trabalho e aplicar uma justiça uniforme com a forma de seleção dos funcionários! Assim sendo, auguro que se todos os funcionários recorrerem aos tribunais, em caso de despedimento coletivo, as indemnizações que vão ganhar, ESSAS SIM VÃO SAIR DOS COFRES DO ESTADO DEVIDO À MÁ GESTÃO DOS BURLÕES QUE OCUPAM CARGOS DE ADMINISTRAÇÃO NA TAP.

  8. Quem contratou esses trabalhadores? Houve concurso público? Pois sendo uma empresa público-privada, penso que deveria, não? Agora quem contratou que lhes pague, se tiver dinheiro, caso contrário, deveria ser como qualquer empresa deste país, vende o que tem para pagar as dívidas e fecha. Esses maus gestores vão para casa, e toma conta outras pessoas. Espero que mais COMPETENTES.

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