Um empate com sabor a derrota para Benfica e FC Porto, no “clássico” da 31ª jornada da Liga NOS. Na tarde desta quinta-feira, “águias” e “dragões” anularam-se e não foram além de um 1-1, que deixa os dois emblemas quase afastados dos objetivos que tinham para esta fase final do campeonato.
Os lisboetas permanecem a quatro pontos do segundo lugar, já os nortenhos estão a oito do Sporting, que está a um pequeno passo de arrebatar o título. Everton abriu a contagem, mas Uribe empatou uma partida na qual o árbitro Artur Soares Dias teve um dia de muito trabalho.
O jogo explicado em números
- Nos “encarnados”, Jorge Jesus voltou a apostar no esquema com três centrais: Otamendi (após cumprir castigo diante do Tondela) foi titular, Weigl (na vaga de Gabriel) fez companhia a Pizzi no centro do terreno, e na frente, Rafa, Seferovic e Everton foram os eleitos. Nos “azuis”, distribuídos no habitual 1x4x4x2, Sérgio Conceição chamou Luis Díaz para a vaga do lesionado Corona.
- Duelo intenso no relvado da Luz. Os anfitriões tinham mais bola (67% da posse), ao passo que os forasteiros tentavam chegar à baliza contrária, dando poucos toques no esférico. No primeiro quarto-de-hora, realce para um remate perigoso de Luis Díaz (5′) e para um cabeceamento de Otamendi (12′) que Uribe travou no momento certo.
- Perto do minuto 20, na sequência de um centro de Marega, por muito pouco Taremi não abriu a contagem. Valeu ao Benfica a pronta reação de Lucas Veríssimo, que desviou a bola do raio de acção do iraniano. Porém, três minutos volvidos, houve mesmo golo…
- Numa excelente iniciativa, Everton tirou Mbemba e Sérgio Oliveira do caminho, combinou com Rafa e, com um remate colocado, bateu Marchesín e assinou o 1-0 na segunda vez que os lisboetas conseguiram finalizar. Foi o sexto golo do internacional brasileiro nesta edição da Liga NOS.
- Mas explorando o lado esquerdo defensivo do Benfica, o FC Porto voltou à carga, Manafá deixou Grimaldo para trás, centrou e valeu Helton Leite a impedir que a bola chegasse a Taremi. Não obstante a vantagem, a equipa de JJ não conseguia desenvencilhar-se da pressão adversária – Otávio, Marega e Taremi faziam uma marcação cerrada a Vertonghen, Otamendi e Lucas Veríssimo – e abusava do futebol direto e dos passes longos, quase sempre sem sucesso.
- Muito se ouviu o apito de Artur Soares Dias, pois aos 30 minutos já tinham sido assinaladas 14 faltas (sete para cada lado). Everton, com um um remate, um golo, 11 acções com a bola e duas faltas sofridas, era a melhor unidade com um rating de 6.3.
- Em desvantagem, o conjunto da Invicta assumiu as rédeas do “clássico” e começou a rondar o último reduto “encarnado”. Marega ainda atirou ao poste (33′), mas o lance foi anulado por fora-de-jogo do maliano; Uribe atirou por cima do alvo (34′), além disso a equipa tinha mais remates (cinco contra dois) e mais posse de bola – 51% versus 49%.
- Em cima do intervalo, Manafá derrubou Rafa, foi assinalada grande penalidade, mas após auxílio do VAR, o lance foi anulado por fora-de-jogo do extremo benfiquista, que estava adiantado 19 cm.
- Logo a abrir a segunda metade, Rafa definiu mal um contra-ataque potencialmente perigoso. À oitava tentativa, os “azuis-e-brancos” enquadraram um remate, mas Helton Leite mostrou reflexos e deteve um tiro de Marega (50′). A seguir, Zaidu cabeceou ao lado na sequência de um canto batido por Sérgio Oliveira e depois, aos 56 minutos, Diogo Gonçalves caiu na área portista. Numa primeira instância foi assinalada falta, mas o juiz Soares Dias reverteu a decisão com o auxílio do VAR.
- Os dois treinadores começaram a mexer, JJ trocou Weigl (amarelado) e Rafa (em inferioridade física) e apostou em Gabriel e Taarabt, numa tentativa de começar a controlar o “clássico” tendo a bola, ao passo que Sérgio Conceição apostou em Toni Martínez e João Mário e retirou Marega e Zaidu com o objectivo de refrescar o ataque e imprimir outra dinâmica nos corredores.
- A 15 minutos dos 90, chegou o empate. João Mário fintou Taarabt, cruzou atrasado onde estava Uribe, que rematou e bateu Helton Leite, apontando o quinto golo em toda a época, o quarto no campeonato. Foi o 11º remate dos “dragões”, o sexto nesta etapa complementar.
- O perigo rondou as duas balizas. Primeiro, os suplentes Francisco Conceição e Evanilson não conseguiram definir e, na resposta, do médio da rua, Taarabt quase bateu Marchesín, que defendeu e levou a bola a embater nos ferros. A seguir, Pizzi viu Manafá roubar-lhe a glória.
- Com o jogo completamente partido, foram os “encarnados” a fazer a festa momentaneamente. Pizzi ainda festejou, mas após consulta do VAR, o árbitro Artur Soares Dias anulou a jogada por fora-de-jogo de Darwin Núñez por 30 cm.
- Num embate nem sempre bem jogado, apenas nos minutos finais houve emoção, com ambos os conjuntos em busca de mais um golo que nunca surgiu. O empate deixa o Sporting à beira de um título que lhe foge há 19 anos, o FC Porto próximo de carimbar o acesso direto à fase de grupos da Liga dos Campeões e o Benfica à espera de um milagre para ficar na vice-liderança da competição.
O melhor em campo GoalPoint
Que pulmão de Uribe. O colombiano rubricou uma exibição de excelência no “clássico” e foi sem surpresa que levou para casa o título de MVP.
Além do golo apontado, que surgiu num dos três remates que fez, encheu o campo amealhando dois passes para finalização, acertou metade dos dez passes longos tentados, teve 69 acções com a bola, três das quais na área contrária, foi perfeito no capítulo dos dribles (três em três), recuperou a posse em nove ocasiões (máximo na partida), fez três intercepções, dois desarmes e duas acções defensivas no meio-campo adversário.
Por tudo isto, mais pela forma como assumiu as rédeas do jogo da equipa, Uribe foi o melhor em campo com um GoalPoint Rating de 8.6.
Jogadores em foco
- Luis Díaz 6.8 – Titular face à lesão de Corona, foi dos melhores elementos em campo, imprimindo velocidade e imprevisibilidade aos ataques do FC Porto e ainda ajudou nas tarefas defensivas. O extremo foi autor de três remates (dois desenquadrados), nove passes valiosos, falhou apenas um dos 31 passes feitos (eficácia de 97%), gizou quatro acções com a bola na área benfiquista, sofreu seis faltas (máximo no jogo) e recuperou a posse em seis ocasiões.
- Otávio 6.8 – Foi outra das vozes de comando dos ainda campeões nacionais, remando contra a maré nas fases em que a vantagem era do Benfica, com dois passes para finalização, oito passes valiosos, nove passes progressivos certos, 81 acções com a bola (máximo no encontro e que atesta a importância do médio) e sofreu três faltas. Como factor negativo, as 22 perdas de bola (registo máximo na Luz nesta quinta-feira).
- Everton 6.3 – Pela segunda jornada consecutiva fez o gosto ao pé, numa excelente incursão, a fazer recordar os movimentos que fazia no Grémio e na selecção do Brasil. Na etapa final perdeu gás e acabou por ser substituído.
- Grimaldo 6.0 – Poucas vezes surgiu no ataque, passando mais vezes em missões defensivas. Das stats do espanhol, destacámos os dois duelos aéreos defensivos que ganhou em três tentativas, seis desarmes e dois alívios.
- Marega 5.9 – Nem sempre decide da melhor forma, mas voltou a lutar e foi o autor do primeiro remate enquadrado do FC Porto, já no decurso da etapa final. Além disso, teve quatro acções com a bola dentro da área adversária e sofreu duas faltas. Como aspectos negativos, as oito vezes em que perdeu a posse e os três maus controlos de bola.
- João Mário 5.9 – Ligado umbilicalmente ao tento do empate, o jovem ala aproveitou da melhor forma os 25 minutos de tempo de jogo que teve. Além da assistência, amealhou um remate, dois passes para finalização, dois desarmes e foi 100% eficaz nos nove passes que fez.
- Seferovic 5.0 – Jogo inglório do suíço que esteve quase sempre sozinho perante Pepe e Mbemba. Prova disso, não registou nenhum remate, acumulou, ainda, quatro maus controlos de bola e cometeu três faltas.
// GoalPoint