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Uma das experiências científicas mais antigas (e secretas) do mundo acabou de voltar à superfície

Derrick L. Turner / Michigan State University

Há mais de um século, começou uma das experiências mais antigas na história da Ciência em East Lansing, no estado norte-americano do Michigan. De 20 em 20 anos, uma nova equipa verifica-a secretamente.

Em abril de 1879, William Beal enterrou 20 garrafas, cada uma cheia de solo arenoso e mais de mil sementes de ervas daninhas comuns na área num local secreto no que é hoje  o campus da Michigan State University.

Antes dos herbicidas, Beal pensava que saber durante quanto tempo as sementes conseguem sobreviver no solo ajudaria os agricultores a combater as ervas daninhas. As garrafas foram colocadas com as aberturas viradas para baixo para que as sementes não germinassem, conta o NPR.

A cada cinco anos, Beale planeava desenterrar uma garrafa e mover as sementes para solo fértil, revelando o que representava uma ameaça de longo prazo.

Se a experiência tivesse funcionado segundo os planos originais de Beal, teria sobrevivido durante muito tempo, mas, ainda assim, terminou no final do século passado.

No entanto, em 1920, com apenas algumas espécies ainda a marcar presença, decidiu-se que o ciclo de cinco anos estava obsoleto. Desde então, as garrafas foram desenterradas a cada 20 anos.

A garrafa teve o seu momento de glória – atrasado pela pandemia – na manhã da última quarta-feira.

Os herdeiros do legado de Beal temem que vândalos ou apenas curiosos encontrem as quatro garrafas restantes e, por isso, a sua localização é um segredo bem guardado. Assim, as escavações para recuperar a garrafa aconteceram durante a noite com pás e lanternas.

Depois, as sementes recuperadas foram colocadas num substrato e colocadas sob luzes, sendo vedadas contra qualquer contaminação.

Muitas das espécies que Beal colocou nas garrafas pararam de germinar nos primeiros anos da experiência. Contudo, algumas mostraram-se mais resistentes e, em 2000, o curador do Jardim Botânico de Beal, Frank Telewski, conseguiu que quase metade das 50 sementes de verbasco brotassem, juntamente com uma solitária Malva rotundifolia.

Telewski, agora com 60 anos, escolheu a dedo três membros mais jovens do corpo docente para o ajudar com a escavação e continuar o trabalho secreto com as garrafas restantes.

A maioria das 50 sementes de cada espécie foi replantada, mas alguns espécimes de linhagens menos bem-sucedidas foram entregues à bióloga molecular Margaret Fleming para investigar o estado da maquinaria celular interna.

No ciclo de 20 anos, as garrafas de Beal vão acabar em 2100, 221 anos após o início da experiência.

A experiência de Beal é descrita como a experiência científica mais antiga do mundo.

No entanto, o Livro de Recordes do Guinness dá esse título à Experiência Broadbalk, que estuda os efeitos dos fertilizantes no trigo de inverno desde 1843, 36 anos antes do início da de Beal.

Maria Campos, ZAP //

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