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Task force mantém AstraZeneca. “Vamos esperar pela posição oficial da EMA e da DGS”

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João Sena Goulão / Lusa

A task force que coordena o plano de vacinação contra a covid-19 vai manter a vacina da AstraZeneca no processo até surgir uma posição oficial da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Infarmed.

Perante as declarações desta terça-feira ao jornal italiano Il Messaggero do responsável pela estratégia de vacinação da EMA, Marco Cavaleri, que confirmou “uma ligação” entre a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e a ocorrência de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas, fonte da task force disse à agência Lusa que o plano imediato é aguardar por uma decisão.

Vamos esperar pela posição oficial da EMA e da DGS. Por agora mantém-se a vacina da AstraZeneca no programa de vacinação”, afirmou a mesma fonte.

O Infarmed também já rejeitou tomar qualquer posição unilateral antes de a Agência Europeia do Medicamento anunciar uma conclusão.

“A posição do Infarmed é de alinhamento com o regulador europeu. Está a decorrer a reunião da EMA e será divulgada uma conclusão assim que terminar. Estamos a aguardar”, afirmou fonte oficial da Autoridade Nacional do Medicamento à Lusa.

A reunião do Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância da EMA, que conta com representantes do Infarmed, começou esta terça-feira e deve prolongar-se até sexta-feira. A EMA adiantou também à agência France-Presse que “ainda não chegou a uma conclusão e a revisão está atualmente em curso”.

“Obviamente, este é um assunto prioritário na reunião e o comité vai analisar os novos dados que chegaram dos diversos países”, acrescentou a mesma fonte do Infarmed.

Entretanto, o primeiro-ministro, António Costa, reiterou também a necessidade de esperar por uma posição oficial da EMA, mas já admitiu que se o regulador europeu confirmar esta situação, então haverá uma “maior morosidade” na aplicação do plano de vacinação contra a covid-19 no espaço comunitário.

“No quadro da União Europeia, consideramos que é fundamental que haja uma posição uniforme relativamente às recomendações e indicações fixadas pela EMA no que respeita a cada uma das vacinas. Se houver um berbicacho, então isso terá inevitáveis consequências no processo de vacinação”, disse o primeiro-ministro.

6% da população já tem a vacinação completa

No mesmo dia, a DGS anunciou que perto de 580 mil pessoas já têm a vacinação completa, o que representa 6% da população, das quais cerca de 300 mil idosos com 80 ou mais anos.

Segundo o relatório semanal da DGS, 579.069 portugueses já receberam as duas doses da vacina contra o SARS-CoV-2, 83.652 das quais na última semana.

Vacinadas com a primeira dose estão agora 1.334.338 pessoas (13% da população), tendo 135.736 recebido esta toma na última semana, indica ainda a DGS.

Por grupos etários, destaca-se a faixa dos idosos com 80 ou mais anos, na qual 85% (576.599 pessoas) já foram vacinados com a primeira dose e 44% (298.862) já têm a vacinação completa.

No grupo entre os 65 e os 79 anos, 15% (237.063) já tomou a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus, mas apenas 3% (50.930) têm a vacinação completa.

O relatório adianta ainda que 12% das pessoas com idades entre os 50 e 64 anos (252.678) foram vacinadas com a primeira dose, percentagem que baixa para os 4% (82.690) no que se refere à vacinação completa nesta faixa etária.

Relativamente à cobertura vacinal por regiões, o Norte continua a liderar no número de vacinas administradas (626.873 doses) desde 27 de dezembro, quando se iniciou o plano de vacinação contra a covid-19, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (605.758), o Centro (404.406), o Alentejo (123.627) e o Algarve (71.744).

Nas regiões autónomas, a Madeira já vacinou um total de 48.501 pessoas, enquanto nos Açores já foram administradas 30.011 doses, mas a DGS refere que os indicadores para este arquipélago “poderão estar subestimados” devido a um atraso entre vacinas administradas e o seu registo.

Portugal ultrapassou esta semana a barreira dos dois milhões de vacinas recebidas, com um total de 2.344.530 doses desde o final de 2020, 1.996.561 das quais já distribuídas pelos postos de vacinação do país.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Agora a solução na Europa parece ser impingir esta vacina para os mais idosos, enquanto no início era desaconselhada por não ser eficaz em tal faixa etária, agora possivelmente será aconselhável para nos mandar para o cangalheiro. Quanto a mim já deveriam ter parado com esta vacina enquanto não houvesse garantias de ser mais segura e tinham aberto caminho a outras de outros países que não sei por que razão teimam em ignorar.

  2. Gostava de saber se aqueles que dizem que as vantagens da AstraZeneca superam os riscos teriam a coragem de o dizer aos familiares dos que vierem a morrer de trombose. No fundo, o que se está a dizer é que a maioria das pessoas está-se nas tintas para algumas dezenas de mortos à escala nacional, se entre eles não estiverem familiares seus. O que se compreenderia se não houvesse alternativas, mas há alternativas que não têm os riscos da AstraZeneca! Só que essas alternativas são produzidas na Rússia, e a Rússia, como se sabe, é um país malvado que só quer o nosso mal…

    • … a Russia é um (enorme e fantástico) país que tal como os outros, quer não só curar os seus habitantes, mas também facturar com o investimento feito.
      A única diferença é o longo e contínuo histórico de censura e ocultação de informações para os restantes países, daí pergunto onde vai o caro Nuno buscar essa certeza que a vacina russa não tem os riscos da AstraZeneca (e das outras que também os têm, todas têm riscos).
      A Russia (e grande parte dos seus aliados que estão a usar a vacina) são regimes que não sentem qualquer obrigação (nem problemas de consciência) em divulgar o que não lhes convém.
      E quanto à coragem, por que não falar nos familiares das vítimas em MUITO MAIOR NUMERO que estão a falecer pelos atrasos consecutivos na vacinação? Quem assume essa responsabilidade?

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