Mais de metade dos portugueses ficaram em casa na Páscoa

Manuel Fernando Araújo / Lusa

Vista geral da Rua de Santa Catarina durante o recolher obrigatório do estado de emergência

Mais de metade dos portugueses ficaram em casa desde sexta-feira até domingo, segundo os dados sobre mobilidade e confinamento divulgados esta terça-feira pela PSE. Vinte e cinco concelhos da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) registaram um crescimento superior a 50% de novos casos.

De acordo com o Expresso, e apesar de mais de metade (54%) dos portugueses ter passado a Páscoa em casa, a percentagem foi menor, comparando com 2020.

No ano passado, três em cada quatro portugueses (74%) respeitaram o dever de confinamento nesta altura, segundo a análise dos dados do Painel PSE.

“Em termos gerais, o fim de semana de Páscoa revelou uma mobilidade em linha com o que são os sábados e domingos na atualidade mais recente: menor mobilidade do que nos dias úteis, e mais portugueses a efetuarem deslocações de proximidade”, adianta a PSE, citada pelo semanário.

Também durante a semana de Páscoa, neste ano, a mobilidade dos portugueses foi maior: “76% superior à verificada na Páscoa de 2020, ponto mais alto do primeiro” confinamento.

O dia com maior confinamento desde o início da pandemia foi, aliás, o domingo de Páscoa do ano passado, quando 79% dos portugueses ficaram confinados em casa.

“Analisando toda a semana da Páscoa, podemos verificar que este ano o confinamento manteve-se estável em torno de 40% até 5.ª feira, um valor ligeiramente superior do que na semana anterior. Depois teve um pico na Sexta-Feira Santa, e o valor mais elevado de confinamento, naturalmente, no domingo de Páscoa”, resume a consultora.

O confinamento deste ano ficou, no entanto, “a meio caminho” face à Páscoa de 2020 e mesmo as limitações impostas foram “inferiores às restrições impostas” no ano passado pela mesma altura.

Os níveis de mobilidade dos portugueses mostram, assim, “alguns sinais claros do atual processo de desconfinamento que vivemos, gradual e por etapas”. Apesar da proibição de circulação entre concelhos, 21,9% da população deslocou-se entre 10 e 20 quilómetros no próprio domingo (valor que tinha ficado nos 7% no ano passado).

25 concelhos no Norte com crescimento superior a 50%

Vinte e cinco concelhos da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) registaram um crescimento superior a 50% de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 entre a penúltima e última semana de março, revela um relatório publicado esta terça-feira.

O documento da ARS-N, a que a Lusa teve acesso, mostra que 25 dos 85 concelhos tutelados pela instituição contabilizaram um crescimento superior a 50% de novos casos de infeção entre a penúltima (21 a 27 de março) e última semana de março (28 a 3 de abril).

Dos 18 concelhos do distrito do Porto, oito aumentaram o número de novos casos, tendo o maior crescimento sido registado em Santo Tirso (467%), que passou de seis para 34 novos casos.

O concelho de Valongo aumentou 177%, passando de 22 para 61 novos casos, bem como Vila do Conde, que passou de sete para 17 novos casos, e a Maia, que passou de 17 para 39 novos casos.

Em Marco de Canaveses, Matosinhos, Paredes e Trofa o aumento de novos casos variou entre os 50% e 82%, com os mesmos concelhos a passarem de dois para três novos casos, de 38 para 58, de 24 para 41 e de 11 para 20 novos casos, respetivamente.

No distrito de Braga, o maior crescimento de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 foi registado em Amares (300%), que passou de um para quatro novos casos.

Nos concelhos de Guimarães, Vila Nova de Famalicão e Braga o crescimento de novos casos de infeção variou entre os 58% e 75%, com os mesmos concelhos a passarem de 12 para 19 novos casos, 38 para 63 e de 24 para 42 novos casos, respetivamente.

O concelho de Esposende aumentou 133%, passando de três para sete novos casos, bem como Fafe, que passou de cinco para 11 novos casos, e Vieira do Minho, que passou de dois para quatro.

Dos 12 concelhos do distrito de Bragança, três acompanharam esta tendência de crescimento, nomeadamente, Vimioso com 500% de crescimento (passando de um para seis novos casos), Mirandela com 300% (passando de um para quatro) e Bragança com 100% (passando de três para seis).

No distrito de Vila Real, o concelho de Chaves registou um crescimento de 1.300%, passando de um para 14 novos casos, e o de Valpaços de 250%, passando de dois para sete novos casos.

No distrito de Aveiro [onde a ARS-N abrange sete dos 19 concelhos], Espinho e Vale de Cambra também acompanharam a tendência de crescimento, passando de três para sete novos casos e de dois para cinco, respetivamente.

Os concelhos de Monção e de Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, também registaram crescimentos de 50% e 100%, passando de dois para três novos casos e de um para dois novos casos, respetivamente.

Já no distrito de Viseu [onde a ARS-N abrange 10 dos 24 concelhos], Lamego foi o único que acompanhou esta tendência, ao registar um crescimento de 200%, passando de quatro para 12 novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2.

O relatório da ARS-N indica também que seis concelhos têm o dobro da incidência registada na região, que se fixa agora nos 47,9 casos por 100 mil habitantes a cada 14 dias: Vimioso (174), Peso da Régua (145,8), Ribeira de Pena (133), Paços de Ferreira (107,5), Póvoa de Varzim (103,5) e Cinfães (98,7).

Apesar do valor da incidência (133 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias), em Ribeira de Pena o crescimento de novos casos foi de 0%.

Este relatório da ARS-N contempla dados até 3 de abril

O boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde (DGS) divulgado na segunda-feira, e que contem dados entre 17 e 30 de março identifica 26 concelhos acima do limiar de risco de incidência da covid-19 (acima dos 120 por 100 mil habitantes)

Ribeira de Pena aparece, naquele boletim da DGS, como um dos sete concelhos onde, até 30 de março, a incidência ultrapassava os 240 casos por 100 mil habitantes.

Já de acordo com o relatório da ARS-N, nas duas semanas que antecederam 03 de abril, Paços de Ferreira registou um crescimento de 35% infeção, tendo passado de 26 para 35 novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2.

No sábado, 3 de abril, a Câmara de Paços de Ferreira, no distrito do Porto, informou que sofreu “sofreu um aumento significativo” de casos relacionados com a covid-19, 30% dos quais com origem num surto fabril, tendo passado ao nível Amarelo da transmissibilidade, informou hoje o município.

“Três semanas após a implementação da Matriz de Risco, que conjuga os dados relativos à incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes e o Risco de transmissibilidade (Rt) a 7 dias, podemos verificar que o concelho sofreu um aumento de ambos os indicadores, e com essa aceleração passa para o quadrante amarelo da transmissibilidade, com uma incidência muito próxima do limite superior”, indicou a autarquia.

ZAP // Lusa

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