O príncipe Hamzah bin Hussein, meio-irmão do rei Abullah, foi detido por suspeitas de planear um golpe de Estado.
Hamzah bin Hussein diz estar a ser mantido em prisão domiciliária por ordem do rei Abdullah. Apesar de não confirmar a detenção, o Governo afirma que Hamzah, meio-irmão do rei, está a ser investigado por suspeita de conluio com forças estrangeiras para desestabilizar o país.
No sábado, as autoridades jordanas prenderam várias pessoas “por razões de segurança” na capital Amã e o ex-príncipe herdeiro declarou, num vídeo enviado à BBC, que o chefe do Estado Maior lhe comunicou que estava proibido de sair de casa, uma represália por ter participado, alegadamente, em “atividades que estão a ser usadas para atingir a segurança e a estabilidade da Jordânia”.
Segundo o Público, Hamzah diz que o rei Abdullah está a silenciar qualquer crítica à sua governação.
No mesmo vídeo, Hamza negou ter participado em qualquer atividade conspirativa e afirmou ter respondido ao general Yousef Huneiti que não é responsável pelo “colapso da governança, pela corrupção e incompetência que prevaleceram na estrutura do Governo nos últimos 15 a 20 anos”.
“Não sou responsável pela falta de fé que as pessoas têm nas suas instituições”, sublinhou. “Chegou a um ponto em que ninguém pode falar ou exprimir uma opinião sobre o que quer que seja sem ser intimidado, preso, assediado ou ameaçado.”
Em comunicado, o chefe militar negou que Hamza, o filho mais novo de Hussein, tivesse sido preso.
Ayman Safadi, vice-primeiro-ministro do Governo jordano, acusou Hamzah de estar a conspirar com forças estrangeiras com o objetivo de “desestabilizar” o país e que, por isso, está a ser vigiado pelas forças de segurança.
“Investigações iniciais mostraram que estas atividades e movimentos chegaram a um ponto em que afetaram diretamente a segurança e a estabilidade do país, mas a sua majestade decidiu ser melhor falar diretamente com o príncipe Hamza para lidar com o assunto dentro da família e para impedir que fosse explorado”, acrescentou.
Sobre que tipo de atividades consideradas desestabilizadoras não foram avançados mais detalhes.
A BBC refere que Hamzah esteve reunido com líderes tribais que, aparentemente, lhe terão dado apoio. Foram ainda detidas mais de dez pessoas relacionadas com a conspiração referida pelo Governo, entre elas Bassem Awadallah, ex-assessor do rei Abdullah II e ex-ministro das Finanças, e Sharif Hasan bin Zaid, membro da família real.
“Calúnia perversa”
A rainha Noor da Jordânia classificou este domingo como “calúnia perversa” as acusações que pesam sobre o seu filho Hamza, colocado em prisão domiciliária por ter participado, alegadamente, em reuniões conspirativas contra o soberano Abdullah II.
“Rezo para que a verdade e a justiça prevaleçam para todas as vítimas inocentes desta calúnia perversa”, escreveu a viúva do antigo rei Hussein e mãe do ex-príncipe herdeiro no Twitter.
Países do Médio Oriente expressam apoio
Países do Médio Oriente expressaram este domingo apoio ao rei Abdullah II da Jordânia, após as Forças Armadas terem pedido ao ex-príncipe herdeiro Hamzah bin Hussein, seu meio-irmão, para parar atividades “contra a segurança e estabilidade” do país.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgueit, expressou a sua “total solidariedade com as medidas tomadas pelas autoridades jordanas para manter a segurança do reino e preservar a estabilidade”, segundo nota da Liga, citada pela agência EFE.
Todas as monarquias do Golfo Pérsico se manifestaram em bloco em apoio ao rei da Jordânia, enfatizando a necessidade de preservar “a segurança e a estabilidade” do reino hachemita.
A Arábia Saudita ofereceu “total apoio, incluindo todas as suas capacidades, a todas as decisões e medidas tomadas pelo Abdullah II bin al Hussein e ao príncipe herdeiro, Al Hussein bin Abdullah, para manter a segurança e estabilidade, segundo noticiou a agência oficial saudita, SPA.
Os Emirados Árabes Unidos usaram praticamente as mesmas palavras num comunicado divulgado pela agência WAM, apoiando “todas as decisões e medidas” do monarca jordano para “proteger a segurança e estabilidade da Jordânia e preservar as suas conquistas”. O Kuwait, Catar, Bahrein e Omã também emitiram manifestações de apoio.
Da mesma forma, o Secretário-Geral do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Nayef Falah Al Hajraf, expressou em nota “o total apoio” deste órgão, que congrega essas seis monarquias, “por todas as decisões e medidas tomadas por Abdullah II para preservar a segurança e estabilidade da Jordânia”.
O Governo do Iraque também afirmou, em comunicado, “estar ao lado do reino jordano liderado por Abdullah II em qualquer medida tomada para preservar a segurança e estabilidade do país e servir os interesses do país e do povo irmão jordano”.
O Governo do Egito expressou, através do porta-voz da presidência, Bassam Rai, a sua “solidariedade e apoio ao reino hachemita e aos seus dirigentes, designadamente, o rei Abdullah II, para preservar a segurança e estabilidade do reino contra qualquer tentativa de o minar”.
Liliana Malainho, ZAP // Lusa
Fácil de resolver num país desses, com habilidade própria ou uma mãozinha do Putin resolve-se a questão de vez!