“A governabilidade do país está por um fio”, considera Rui Moreira

Rui Moreira / Facebook

O presidente da Câmara Municipal do Porto considerou, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, que a governabilidade do país “está por um fio” e revelou como deverá ser o São João deste ano, o segundo em tempo de pandemia. 

A propósito do segundo mandato do Presidente da República, Rui Moreira afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa contribuiu para a governabilidade do país e disse não compreender muitas das críticas que lhe têm sido feitas.

“Em primeiro lugar, compreendo algumas das críticas que lhe são feitas mas acho-as injustas. O centro-direita, não sabendo fazer oposição que devia fazer ao Governo, quereria que o PR fizesse essa oposição. O papel do PR não é fazer oposição, é tentar juntar os portugueses e mobilizá-los, motivá-los. E ele tem sido excecional nesse papel”.

“Se as pessoas querem que alguém faça oposição ao Governo, devem fazê-la através dos partidos. (…) O PR está a querer ser o presidente de todos os portugueses e não um presidente de uma fação, e tenho que admirar a posição dele”, explicou Rui Moreira, dizendo que esperará para perceber as circunstâncias para entender o que pode esperar o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Vamos ver as circunstâncias, porque tudo isto também funciona na medida em que haja um equilíbrio entre o PR e o Governo. E a governabilidade do país está por um fio, como se demonstrou na negociação do último Orçamento do Estado. Isso pode alterar, naturalmente, as circunstâncias”.

Questionado sobre as eleições autárquicas, que acontecerão no fim deste ano, Rui Moreira admitiu recandidatar-se, mas afastou uma coligação pós-eleitoral com o PSD.

“[A recandidatura dependerá] de uma decisão pessoal que tomarei lá mais para a frente. Eu tinha anunciado há quatro anos, durante a campanha eleitoral, que em condições normais seria o meu último mandato. Era essa a minha intenção”.

“A verdade é que as circunstâncias supervenientes, nomeadamente a pandemia na cidade e todas estas dificuldades, me obrigam agora a fazer uma reavaliação sobre isso. Mas acho que ainda é cedo, neste momento estou mais preocupado com a governação da cidade. No tempo próprio anunciarei aos portuenses qual é a minha decisão”, garantiu.

Sobre uma eventual coligação com o PSD, foi perentório: “A coligação é proibida”.

E reforçou: “Um grupo de cidadãos eleitores, por lei, não se pode coligar com partidos. Essa hipótese é impossível. Portanto, das duas uma. Ou o PSD nos apoiava, como apoiou o CDS, como nos apoiou o Partido da Terra, e agora se anuncia também a Iniciativa Liberal, que já disse que está a considerar apoiar, ou então eu teria de ir nas listas do PSD, o que está fora de qualquer hipótese”.

Na mesma entrevista, manifestou-se contra o adiamentos das eleições autárquicas.

“Não, eu acho que adiar as eleições é não ser capaz de simplificar o modo como votamos. (…) A esta distância, setembro ou outubro, os partidos no Parlamento, em vez de andarem a criar problemas aos grupos de cidadãos, deviam estar a facilitar o voto. (…) Poderia alargar-se o tempo de voto. Adiar as eleições para quando, para quando não houver Covid? Para o dia de são nunca à tarde?”, questionou na mesma entrevista.

São João sem fogos ou concertos

Sobre o São João, Rui Moreira disse que a festividade existirá “sempre”, porque “ninguém vai apagar a noite de 23 de junho”, mas admitiu mudanças por causa da pandemia. Ainda assim, deixou claro que os planos ainda não estão fechados.

“Se vamos fazer concertos na Avenida? Garantidamente que não. Posso anunciar que não vamos ter concertos, não vamos concentrar pessoas na Avenida dos Aliados. Muito provavelmente, mas ainda não falei com o Eduardo Vítor Rodrigues, com quem tenho uma conversa agendada para a semana, também não fará sentido haver fogo-de-artifício, porque concentra pessoas e não queremos isso”.

“Espero que possamos ter um São João como havia na minha infância. Quando era miúdo, ia para casa da minha avó, na Rua da Constituição, havia umas fogueiras, havia uns sítios onde comíamos umas sardinhas, havia uns bailaricos. Se tivermos esse São João, é um São João. Não vamos ter o São João de 2019, isso com certeza que não”.