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Com eleições legislativas sem oposição, Venezuelanos votam hoje para renovar o parlamento

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Miguel Gutierrez / EPA

Eleições na Venezuela

Os venezuelanos votam hoje para eleger os novos deputados para a Assembleia Nacional, dominada pela oposição desde 2015, mas na qual os apoiantes de Presidente Nicolas Maduro prometem agora uma vitória arrasadora.

As forças que apoiam o regime dizem que a crise – económica, política e social que obrigou 4,5 milhões de venezuelanos a abandonar o país nos últimos cinco anos – foi causada pela oposição e o Presidente Nicolás Maduro promete mudar a situação.

Neste sentido, a Assembleia Nacional – presidida por Juan Guaidó, não concorre à reeleição. Este é o único partido não dominado por aliados de Maduro, mas desde 2017 está praticamente sem poderes, já que o Supremo Tribunal anulou todas as suas decisões.

As eleições, segundo os analistas, não vão atrair uma grande parte da população, mais preocupada com os problemas diários, como sobreviver num país dolarizado (preços afixados em dólares), com alta inflação, escassez de alguns produtos, de água, de gás de eletricidade e de gasolina.

A pandemia da covid-19, que já fez quase mil mortos na Venezuela, segundo os números oficiais, deverá desmotivar ainda mais um eleitorado cansado do ambiente de crise e instabilidade, e da ausência de respostas.

É pouco provável haver mudanças políticas na liderança do país, principalmente depois de 37 partidos opositores se terem recusado a participar, apelando ao boicote das eleições, que dizem ser “uma fraude”. Alguns analistas estimam por isso que após as legislativas o regime “controle o novo parlamento”.

Desde junho, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela suspendeu a direção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça, Ação Democrática e Tupamaro, bem como de vários partidos afetos ao regime, entre eles Pátria para Todos, e ordenou que fossem reestruturados, nomeando direções provisórias para esses partidos.

Os partidos que foram alvo da decisão do STJ aparecem no boletim eleitoral e os seus novos dirigentes dizem responder aos militantes que queriam votar e que continuam a ser oposição.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, os venezuelanos vão eleger 277 deputados, mais 110 do que os eleitos nas legislativas de 6 de dezembro de 2015.

O novo parlamento entrará em funções a 5 de janeiro de 2021, dois anos depois de o líder opositor Juan Guaidó se autoproclamar presidente interino da Venezuela prometendo convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Nos últimos anos, milhões de venezuelanos caíram na pobreza e hoje o país é um dos mais pobres da região, apesar da riqueza natural.

Privado do acesso a vários fóruns internacionais nos últimos dois anos, o regime tem confiado nos seus laços com países como Cuba, China e Rússia, cujo apoio diplomático permite a Caracas evitar o isolamento total.

ZAP // Lusa

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