2019 foi uma exceção para a equipa brasileira que, depois de ter vencido (quase) tudo, neste ano já foi afastado da Taça do Brasil e da Libertadores: “O português foi embora e com ele toda a metodologia também”.
O Flamengo liderado por Jorge Jesus foi histórico, quer no próprio clube, quer no panorama do futebol brasileiro. Em 2019 a equipa do Rio de Janeiro foi campeã nacional com 16 pontos de vantagem em relação aos adversários mais próximos, venceu o campeonato carioca, foi campeão continental ao conquistar a Taça Libertadores e ainda chegou à final do Mundial de clubes.
Jesus saiu e o panorama complicou-se. Domènec Torrent – que não terá sido a primeira opção da direção – foi chamado mas deixou o cargo três meses depois. Chegou um nome eternamente ligado ao rival São Paulo, Rogério Ceni, mas os resultados não melhoraram.
O campeonato ainda está em aberto, já que o Flamengo é terceiro classificado do Brasileirão a somente três pontos do líder Atlético Mineiro – embora já tenha sofrido mais derrotas do que em toda a edição passada.
O problema são as exibições e os resultados noutras competições: afastado pelo São Paulo nos quartos-de-final da Taça do Brasil (que Jesus também não tinha vencido, no ano passado) e, nesta semana, ficou fora da Libertadores. O Racing, da Argentina, afastou o Flamengo nos oitavos-de-final.
O portal UOL procurou respostas para este declínio: “O principal erro do Flamengo foi não entender o que a equipa de Jorge Jesus tinha de especial para ganhar e tentar repetir agora. O principal mérito seria manter a estrutura de treinos, estudos e análises para que a equipa mantivesse o rendimento. O português foi embora e com ele toda a metodologia também”, avisou Danilo Lavieri.
Marcel Rizzo lembrou que a época de 2020 foi pensada pelo treinador do Benfica: “A saída de Jesus fez o clube procurar por um técnico estrangeiro, tentando repetir o sucesso, mas Domènec Torrent nunca foi a primeira opção. A impressão que deu é que a direção apareceu com ele para não admitir fracasso após levar alguns nãos. Os jogadores não compraram o trabalho do espanhol e a mudança brusca no modelo de jogo fez a equipa regredir”.
Uma ideia fica clara, espelhada nas palavras de Milton Neves e de Rafael Oliveira: o que o Flamengo conseguiu sob o comando de Jorge Jesus foi uma exceção à regra. “O que mais atrapalhou o Flamengo neste ano foi a expectativa de apresentar um futebol envolvente e de ganhar tudo, como aconteceu em 2019. O problema é que está cada dia mais claro que o Flamengo de Jesus foi exceção. Um mero acidente de percurso“, comentou Milton Neves, enquanto Rafael Oliveira acrescentou: “O ponto de partida foi encarar a repetição do ano passado como algo natural. É importante a compreensão de que 2019 foi uma exceção. O nível de futebol gerou uma atípica supremacia técnica. Foi uma das melhores equipas das últimas décadas no futebol brasileiro”.
Rodrigo Coutinho aponta um problema no Flamengo: a incapacidade da direção para gerir corretamente o futebol do clube. “O sucesso do rubro-negro em 2019, o outro patamar alcançado, tem nome e sobrenome como principal responsável. Jorge Jesus foi um ”tiro no escuro” que deu certo. Isso não vai acontecer todas as épocas. O Flamengo é um clube mais rico e estruturado do que a maioria, mas tem o mesmo nível de dirigentes amadores”, criticou.