Irão. Líder Supremo pede punição pela morte de cientista que liderou programa nuclear

Sajed.ir / Wikimedia Commons

Ayatollah Ali Khamenei, Líder Supremo iraniano

O líder supremo do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, exigiu no sábado punição pela morte do cientista Mohsen Fakhrizadeh, que liderou o programa nuclear de Teerão, enquanto a República Islâmica culpa Israel pelo assassinato.

Israel, há muito suspeito de assassinar cientistas iranianos, ainda não comentou sobre a morte de Mohsen Fakhrizadeh, que ocorreu na sexta-feira. O ataque, contudo, tem as características de uma emboscada militar cuidadosamente planeada, do tipo que aquele país já foi acusado de conduzir antes, noticiou no domingo a Time.

O ataque renovou os receios de um ataque iraniano aos Estados Unidos (EUA), o aliado mais próximo de Israel na região.

Khamenei – que considerou Fakhrizadeh “o cientista nuclear mais proeminente e distinto do país” -, a quem pertence a palavra final em todas as questões de Estado, disse que a primeira prioridade do Irão é “a punição definitiva dos perpetradores e daqueles que ordenaram” o assassinato, sem entrar em detalhes.

Já o Presidente do Irão, Hassan Rouhani, culpou Israel pelo ocorrido. “Responderemos ao assassinato do mártir Fakhrizadeh no momento adequado”, indicou. “A nação iraniana é mais inteligente do que cair na armadilha dos sionistas. Eles estão a tentar criar o caos”, acrescentou ainda.

Tanto Rouhani quanto Khamenei afirmaram que a morte de Fakhrizadeh não interromperia o programa nuclear. Neste, o Irão tem vindo a enriquecer um estoque crescente de urânio, com pureza de 4,5%, após o acordo nuclear do qual fazia parte ter colapsado com a saída dos EUA, em 2018.

rouhani.ir

O presidente do Irão, Hassan Rohani (Rouhani)

Embora esse nível esteja muito abaixo dos 90% necessários para construir armas, os especialistas avisam que o Irão tem agora urânio suficiente para, pelo menos, duas bombas atómicas.

Fakhrizadeh liderou o programa iraniano AMAD, que Israel e o Ocidente alegaram ser uma operação militar que buscava a viabilizar a construção de uma arma nuclear. A Agência Internacional de Energia Atómica afirma que o programa terminou em 2003, com o país a afirmar que este é pacífico.

O ataque de sexta-feira aconteceu em Absard, uma vila a leste da capital, considerada um refúgio para a elite do país. A televisão estatal iraniana noticiou que um camião com explosivos escondidos sob um carregamento de madeira explodiu perto do veículo que transportava Fakhrizadeh.

Quando o veículo de Fakhrizadeh parou, cinco homens armados apareceram no local e dispararam, avançou a agência de notícias semi-oficial Tasnim. A precisão do ataque levou à suspeita de envolvimento do Mossad, o serviço de inteligência de Israel.

A media estatal apenas relatou a morte de Fakhrizadeh, mas uma declaração da União Europeia, divulgada no sábado, apontou para a morte de “um funcionário do governo iraniano e de vários civis”.

Em Teerão, um pequeno grupo de manifestantes queimou imagens de Donald Trump e do Presidente eleito Joe Biden. Este último disse que vai considerar voltar para o acordo nuclear com Teerão.

ZAP //

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