A praga de gaivotas que permanece na gare marítima do porto do Funchal, ilha da Madeira, está a ser combatida por duas águias “contratadas” pela Administração de Portos da Madeira (APRAM).
“De manhã é interessante ver todas as gaivotas a levantarem voo no sentido de encontrarem outras paragens”, explicou à Lusa a presidente do conselho de administração da APRAM, Alexandra Mendonça.
Esta não é a primeira tentativa de afugentar as gaivotas. A APRAM já efetuou outro tipo de investimento, mas sem sucesso.
“Chegámos a ter um equipamento que imitava o som da gaivota, mas não funcionava porque, ao final de 15 dias, três semanas, as gaivotas voltavam e habituavam-se ao som”, recordou Alexandra Mendonça.
As gaivotas começaram por estar naquele local devido ao lixo, mas após todo o trabalho que foi feito na estrutura da Meia Serra (construção de uma Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos) deveriam ter abandonado o local.
Porém, “a partir do momento em que deixou de ser uma atividade a céu aberto, o porto tornou-se um solário fantástico para as gaivotas”, disse a responsável, lembrando ainda a presença da lota naquela área.
Apesar das águias estarem a afugentar as gaivotas, Alexandra Mendonça reconheceu que o problema não fica resolvido na totalidade, uma vez que as mesmas migram para outros locais, como para as zonas dos hotéis e para a frente-mar da baía do Funchal.
Nesse sentido, adiantou, que foi criada uma comissão de acompanhamento com o Parque Natural da Madeira, com o objetivo de trabalhar na nidificação e controlar o nascimento das gaivotas.
Tiago Cardoso, proprietário da empresa que executa os trabalhos de falcoaria no porto do Funchal, explicou que o uso de águias no controlo de pragas não tem como objetivo a morte das espécies infestantes, mas o afastamento dos locais onde são colocadas as águias.
“Com uma ave ‘presa’ no local, as gaivotas apercebem-se que há um predador e, de uma forma natural, ambiental e ecológica, afastam-se daquela zona, criando ali um espaço sem qualquer contaminação”, explicou.
No porto do Funchal, as águias Harrys, nascidas em cativeiro e oriundas da América Central, ‘trabalham’ em dois períodos – do nascer do sol ao meio-dia e à tarde – e preparam-se para ‘trabalhar’ também de noite.
“Muitas das gaivotas chegam ali juntamente com os barcos de pesca que chegam ao Funchal pela noite dentro”, explicou.
/Lusa