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Os peixes elétricos ignoram os seus próprios choques (com um truque inteligente)

Alguns peixes comunicam-se através de pulsos elétricos que criam pequenos choques que enviam mensagens a outros animais. Um novo estudo descobriu como é que estes peixes ignoram os seus próprios sinais.

O peixe-elefante (mormyridae) gera pulsos elétricos para comunicar com outros peixes e sentir os seus arredores. Algumas espécies emitem pulsos elétricos mais curtos, enquanto outras enviam pulsos longos.

Com todos esses choques na água, pode ser difícil perceber as mensagens uns dos outros. Os peixes precisam de bloquear os seus próprios pulsos para que possam identificar mensagens externas e responder a esses sinais. Porém, os cientistas não sabiam como – até agora.

Um novo estudo mostra que estes peixes usam um truque para ignorar os seus próprios choques, usando uma função cerebral chamada descarga corolária, que é uma cópia negativa da sua mensagem original que atua como um sinal inibidor.

Em vez de ter de bloquear todas as entradas sensoriais enquanto fala, esta descarga permite que o peixe continue a ouvir enquanto rejeita os seus próprios pulsos.

“Em peixes que se comunicam com pulsos mais longos, as respostas sensoriais ao próprio pulso são retardadas”, explicou Bruce Carlson, professor de biologia da Universidade de Washington, em comunicado. “Assim, uma descarga corolária atrasada bloqueia de forma otimizada as respostas eletrossensoriais ao próprio sinal do peixe.”

Os investigadores descobriram que um breve e bem definido período de inibição impede que estes peixes elétricos percam outros sinais externos importantes. Este comportamento evita que os peixes percam informações ambientais importantes, que poderia resultar na perda de uma oportunidade de acasalamento ou até mesmo na morte se perdessem um sinal de que um predador está por perto.

“Apesar da complexidade dos sistemas sensoriais e motores a trabalhar juntos para lidar com o problema de separar os sinais autogerados dos externos, parece que o princípio é muito simples”, disse Carlson. “Os sistemas conversam entre si. De alguma forma, ajustam-se até mesmo a mudanças radicais e generalizadas nos sinais em curtos períodos de tempo evolutivo”.

Os cientistas já conhecem as descargas corolárias desde os anos 1950.

As novas descobertas têm implicações mais amplas para a compreensão da evolução dos cérebros. A disfunção da descarga corolária pode estar relacionada com doenças psiquiátricas como a esquizofrenia em humanos.

Este estudo foi publicado este mês na revista científica The Journal of Neuroscience.

ZAP //

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