Arqueólogos da Universidade de Varsóvia (Polónia) encontraram no Egito vários esqueletos de macacos, que eram animais de estimação de antigos romanos e egípcios da elite que viveram no país entre o século I e II d.C.
Os restos mortais destes animais foram encontrados num cemitério de animais no antigo porto de Berenice, na costa do Mar Vermelho do Egito, detalha o Ancient Originis.
De acordo com a equipa, estes animais, que datam de há 2.000 anos, foram sepultados com muito cuidado, mostrando que eram animais de estimação muitos queridos.
O jornal britânico Daily Express escreve que alguns dos macacos foram sepultados com as mãos perto da cabeça, tal como crianças a dormir, havendo também registo de um macaco embrulhado num cobertor de lã e de um outro que foi enterrado com grandes quantidades de conchas, que seriam bastante valiosas à luz da época.
A equipa polaca descobriu ainda que os macacos em causa eram importados da Índia (macaco-rhesus) pela elite do Antigo Egito para servirem de animais de estimação, tal como os gatos e cães – eram um sinal de riqueza e de estatuto social.
“Esta é uma descoberta única. Até agora, ninguém encontrou macacos indianos em sítios arqueológicos em África. Curiosamente, nem mesmo as antigas fontes escritas mencionavam esta prática”, Marta Osypińska, cientista da Universidade de Varsóvia.
E continuou, citado pelo First News: “Acreditamos que os influentes [romanos e egípcios] que viveram em Berenice, um posto avançado longínquo (…) quiseram tornar o seu tempo agradável na companhia de vários animais. Entres estes, havia também macacos”.
A mesma especialistas sublinha que a importação destes animais não era uma tarefa simples, uma vez que envolvia uma viagem de milhares de quilómetros apenas para satisfazer uma vontade da elite para fins de entretenimento.
“Envolveu o fornecimento de água e alimentos adequados aos animais durante um cruzeiro de algumas semanas pelo Índico e pelo Mar Vermelho. Infelizmente, depois de chegarem a Berenice, os macacos não se conseguiram adaptar e morreram jovens. A sua morte foi provavelmente causada pela falta de frutas frescas e outros nutrientes necessários.
A nova descoberta fornece aos especialistas novas evidências sobre a extensão das redes de comércio romano e grego. O portal Ancient Originis detalha ainda que foi apenas no período Ptolomaico (305 a 30 a.C) que o porto de Berenice que a região começou a comercializar produtos e bens com a Índia.
As trocas começaram porque os Ptolomeus precisavam de elefantes de guerra, que utilizaram nas suas longas batalhas com o Império Império Selêucida. Mais tarde, o comércio entre o Egito e a Índia expandiu-se para as especiarias, têxteis e ouro.