O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, assinou na terça-feira um memorando que exclui os imigrantes ilegais dos cadernos eleitorais, apesar de o Supremo Tribunal ter permitido a sua inscrição no censo de 2020.
O Supremo Tribunal tinha travado as intenções do Governo norte-americano de colocar uma pergunta sobre cidadania no censo de 2020, depois de a oposição democrata ter criticado Trump por tentar excluir franjas de população do recenseamento, avançou a agência Lusa.
Na terça-feira, o Presidente assinou um memorando que determina que “o respeito pela lei e pela proteção da integridade do processo democrático justificam a exclusão de estrangeiros ilegais da base de rateio”.
O presidente do comité nacional do Partido Democrata, Tom Perez, já reagiu a esta decisão, criticando as intenções escondidas do Presidente.
“Não parece haver fim na agenda anti-imigração de Donald Trump. (…) Primeiro tentou colocar uma questão de cidadania no censo, mas foi bloqueado pelo Supremo Tribunal. Agora, volta com uma ordem inconstitucional, que não tem outro propósito senão silenciar e destituir vozes latinas e de comunidades de cor”, disse Perez.
De acordo com o Departamento de Censo dos EUA, no mês passado havia mais de 90 milhões de famílias que tinham respondido ao censo de 2020, a maioria através das plataformas ‘online’.
Os opositores à questão da cidadania no censo alegam que essa medida desencorajaria a participação de imigrantes ilegais, resultando em números imprecisos para uma contagem que determina a distribuição de fundos federais e de orçamentos estaduais.
Os esforços de Trump para excluir os imigrantes ilegais para o censo eleitoral, através de um memorando, deverá ser contestada judicialmente, depois de o Partido Democrata ter acusado o Presidente de tentar desencorajar a participação de imigrantes ilegais no processo de recenseamento, interferindo nos cadernos eleitorais das próximas eleições presidenciais, marcadas para dia 03 de novembro.
Calar protestos com polícia federal nas cidades
Trump quer também acabar com os protestos pela morte do afro-americano George Floyd, que ocorreu em maio, destacando a polícia federal para as ruas das cidades, muitas delas lideradas por democratas, noticiou na terça-feria o Expresso.
Em Portland, no estado do Oregon, a agitação é “pior do que o Afeganistão”, afirmou Trump, ameaçando enviar agentes da polícia federal para Nova Iorque, Filadélfia, Detroit e Chicago. Nesta última, os preparativos para a atuação daquela força policial já estão em curso, avançou o Washington Post.
“Vou fazer algo – isso, posso dizer-lhe”, garantiu Trump aos jornalistas. “Porque não vamos deixar Nova Iorque, Chicago, Filadélfia, Detroit e Baltimore e tudo isso – Oakland está uma bagunça. Não vamos deixar que isso aconteça no nosso país”, frisou. Todas estas cidades são governadas por democratas.
Em reação, a presidente da Câmara de Oakland, Libby Schaaf, afirmou: “Neste momento, não estamos a enfrentar nenhuma agitação civil, mas não consigo pensar em nada melhor para incitá-lo do que a presença em Oakland de tropas militares enviadas por Trump”.
“Vejam o que está a acontecer – todas são dirigidas por democratas, todas dirigidas por democratas muito liberais, todas governadas, de facto, pela esquerda radical”, acusou o Presidente, sublinhando: “Se [Joe] Biden entrasse [na Casa Branca], isso seria válido para o país. O país inteiro iria para o inferno. E não vamos deixá-lo ir para o inferno”.
Dirigentes democratas consideram que é Trump quem está fora de controlo. “Tire os seus lacaios do Departamento de Segurança Nacional e as suas indesejadas ações paramilitares do meu estado”, declarou Jeff Merkley, senador de Oregon. “As nossas comunidades não são um palco para a sua campanha de reeeleição distorcida”.
Já a governadora do estado, Kate Brown, denunciou “um flagrante abuso de poder” e o mayor da cidade, Ted Wheeler, qualificou a atuação policial como “ataque” à democracia.
Segundo o New York Times, “agentes federais em Portland agarraram manifestantes nas ruas e atiraram-nos para dentro de veículos não identificados sem lhes explicar porque estavam a ser detidos ou presos”.
Se são ilegais, como podem estar nos cadernos eleitorais??
Enfim… Merica!!…