Juiz mantém infanta Cristina como arguida por delito fiscal e branqueamento

Juan Manuel Herrera / OAS

A Infanta Cristina de Borbón

A Infanta Cristina de Borbón

O juiz espanhol José Castro manteve esta quarta-feira como arguida a infanta Cristina, irmã do rei Felipe VI de Espanha, considerando que deve ser julgada juntamente com o seu marido, Iñaki Urdangarin, por delitos fiscais e branqueamentos de capitais.

A decisão faz parte do texto de 167 páginas que marca o final da fase de instrução do caso conhecido com Nóos, um dos que mais danificou a imagem da família real e da monarquia espanholas.

No texto, o juiz José Castro apela ao Ministério Público e às acusações particulares para que solicitem a abertura da instrução do julgamento, formulando por escrito a sua acusação num prazo de 20 dias.

Em concreto, a infanta Cristina é acusada com o marido por dois delitos de fraude fiscal e por um delito de branqueamento de capitais.

O procurador anticorrupção Pedro Horrach confirmou já, hoje de manhã, que vai recorrer da decisão do juiz por considerar que “continua a não haver qualquer elemento contra” a infanta.

Horrach considerou que esta é a única discrepância que tem tido com o juiz Castro neste processo.

Há ainda 13 outros arguidos no processo cuja investigação se alargou às administrações regionais nas Baleares, Valência e Madrid.

Entre eles contam-se o ex-sócio de Urdangarin, Diego Torres, a sua mulher Ana María Tejeiro, e dois irmãos; o ex-presidente do Governo das Baleares Jaume Matas e vários outros responsáveis de organismos públicos da região.

Há ainda acusados vários responsáveis de organismos públicos de Valência e uma de Madrid.

A fase de instrução do processo – que investigou o alegado desvio de fundos públicos pelo Instituto Nóos, presidido por Urdangarin entre 2003 e 2006 – demorou 1.436 dias e resultou num processo de mais de 58 mil páginas e 62 volumes.

Foi aberto em fevereiro de 2006 depois do PSOE nas Ilhas Baleares ter questionado no parlamento regional o pagamento de 1,2 milhões de euros ao Instituto Nóos pelo Governo regional para a realização de um encontro sobre turismo.

Investigações posteriores levaram à análise de outros acordos com o Nóos, tendo o processo acelerado em 2011 depois das primeiras rusgas e da primeira audição ao sócio de Urdangarin, Diego Torres.

O cunhado do rei espanhol foi constituído arguido em dezembro de 2011 e a sua mulher, a infanta Cristina, a 7 de janeiro, tendo prestado declarações ao juiz instrutor durante seis horas no passado dia 8 de fevereiro.

Nessa audição histórica – pela primeira vez, um membro de uma casa real europeia respondeu perante a justiça por um caso de corrupção – Cristina negou envolvimento no caso Nóos e desconhecimento sobre muitas das perguntas colocadas.

A infanta Cristina foi a única ausente das recentes cerimónias de abdicação do seu pai, Juan Carlos, e de proclamação do seu irmão, Felipe VI. Esta semana foi visitada pela rainha Sofia na sua casa em Genebra, na Suíça.

/Lusa

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