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Durante 30 anos, crianças foram entregues a pais adotivos pedófilos. Alemanha fechou os olhos

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Investigadores da Universidade de Hildesheim, na Baixa Saxónia, descobriram que, durante quase 30 anos, um professor de psicologia colocou propositadamente crianças abandonadas junto de pais adotivos com um historial de pedofilia. O projeto ocorreu com o conhecimento das autoridades alemãs.

De acordo com o jornal alemão Deutsche Welle, nos anos 70, Helmut Kentler, um professor numa posição de liderança no centro de pesquisa educacional de Berlim, decidiu começar o seu estudo, convencido de que o contacto entre pedófilos e crianças era inofensivo.

Segundo Kentler, que morreu em 2008, aqueles homens eram pais adotivos especialmente carinhosos. Os pais adotivos chegaram a receber um subsídio regular de assistência.

Esta “experiência” só foi descoberta há alguns anos, quando duas das vítimas decidiram contar a sua história, dando início ao estudo realizado pela Universidade de Hildesheim.

Os investigadores descobriram que a experiência contava com uma densa “rede entre instituições educacionais”, o escritório de assistência social juvenil e o Senado (a câmara alta do Parlamento alemão). Durante 30 anos, estas instituições fecharam os olhos, tendo aprovado algumas das colocações das crianças junto de pais adotivos com um historial de pedofilia.

Segundo a conclusão dos investigadores, a pedofilia era “aceite, apoiada e defendida”, tendo os dois órgãos “fechado os olhos ou aprovado” a medida.

Alguns dos pais adotivos eram académicos de alto perfil, sendo que a rede descoberta incluía membros importantes do Instituto Max Planck, da Universidade Livre de Berlim e da Escola Odenwald, que esteve no centro de um escândalo de pedofilia.

Kentler, que mantinha o contacto regular com as crianças e os pais adotivos, nunca foi acusado e as vítimas não receberam qualquer compensação, uma vez que quando estas decidiram falar sobre a sua experiência, o caso já tinha prescrito.

Em 2016, a Universidade de Göttingen publicou um relatório sobre a “Experiência Kentler”, notando a falta de interesse do Senado.

Sandra Scheeres, que já ocupava a tutela da Educação e da Juventude na época, assegurou na segunda-feira que “o Senado de Berlim assume a responsabilidade pelo sofrimento infligido àqueles que estavam sob proteção e responsabilidade públicas”. Desta vez, as autoridades de Berlim garantem que irão desvendar o caso.

ZAP //

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