Corpo de Maria Velho da Costa ficou 11 dias na morgue. Filho critica MP e fala em “massacre psicológico”

João Sedas Nunes / Facebook

As escritoras Maria Velho da Costa e Agustina Bessa Luís.

Os restos mortais da escritora Maria Velho da Costa, que faleceu a 23 de Maio, ficaram no Instituto de Medicina Legal, em Lisboa, durante 11 dias, sem que a família tivesse conhecimento de que já os podia ir recolher. A queixa é apresentada pelo filho que só neste domingo vai fazer o funeral da mãe.

Foi João Sedas Nunes, filho da escritora Maria Velho da Costa, que denunciou a situação inusitada no seu perfil do Facebook, relatando que os restos mortais da mãe, que faleceu, em casa, a 23 de Maio passado, foram levados para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), em Lisboa, no dia 24 de Maio, “para se proceder à autópsia que determinaria a causa de morte e despistaria a presença no organismo da covid-19“.

O professor de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa refere que perguntou, “por duas vezes”, se era preciso contactar o INMLCF para saber quando poderia levantar o corpo para a realização do funeral. “Por duas vezes foi-me categoricamente dito que me deveria abster dessa iniciativa, aguardando comunicação do Instituto de Medicina Legal que seria realizada mal a autópsia fosse concluída”, assegura.

João Seda Nunes garante que não foi contactado pelo Instituto, nem pelo Ministério Público (MP). “Quase 11 dias transcorridos“, descobriu “por iniciativa privada” que “os procedimentos da autópsia haviam sido finalizados no dia 25 de Maio, estando dessa data em diante o corpo em depósito no IML a aguardar que a família o fosse buscar”.

Pensei que com a covid-19, o processo demorasse mais tempo. E só no início desta semana comecei a fazer diligências. Mas só à terceira tentativa tive feedback. Disseram-me que desde 26 de Maio o corpo estava pronto para a realização do funeral. Mas a 3 de Junho, a informação que me chegou foi outra, o que torna isto ainda mais escabroso. É que o MP terá dispensado a realização da autópsia. Se aconteceu é espantoso. O que têm de fazer é contactar de imediato a família assim que concluírem as diligências”, queixa-se o filho de Maria Velho da Costa no jornal Sol.

Em declarações a este semanário, uma fonte do INMLCF confirma que “a autópsia foi dispensada e que não recebeu qualquer contacto de familiares para o levantamento do corpo até ao dia 3 de Junho”.

Numa segunda publicação no Facebook, João Sedas Nunes esclarece que não tem nada a apontar “aos agentes do Estado” com os quais teve contacto na “noite fatídica” em que ocorreu a morte da sua mãe. “Médicos do INEM, polícias e bombeiros, todos eles, sem excepção, se portaram à altura, com profissionalismo e total respeito“, diz.

Contudo, o filho da escritora critica o que define como a “gestão fleumática da informação pelo Estado”, apontando críticas ao MP que é “a autoridade com a competência de conduzir legitimamente o processo de fio a pavio”.

O velório de Maria Velho da Costa realiza-se neste sábado, em Lisboa, às 17.30 horas, na Igreja do Santo Condestável. O funeral será no domingo à tarde, no cemitério dos Olivais.

ZAP //

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