Um grupo de físicos encheu o seu laboratório com vinho em nome da Ciência para tentar perceber porque é que surgem “lágrimas” quando um copo de vinho é agitado.
De acordo com o IFLScience, quando um copo de vinho é agitado, aparecerão linhas retas de fluído a descer pelo copo, que são chamadas “lágrimas” ou “pernas”. Há quem acredite que a presença ou a falta dessas “lágrimas” é indicativa do nível e qualidade do álcool do vinho.
Porém, pode não ser bem assim. Quando se gira um copo de vinho, uma fina película de líquido permanece nos lados do copo. Isso acontece porque o álcool no vinho evapora muito mais rapidamente do que a água e a mudança na tensão superficial envia a bebida para cima à medida que o copo é girado. Após a agitação, um anel de vinho permanece intacto em cima, mas não se sabia porque é que descia em “lágrimas”.
Hangjie Ji, da Universidade da Califórnia, e os seus colegas decidiram tentar entender porque é que esse fenómeno acontece. A equipa de físicos realizou uma análise teórica que tomou em consideração os efeitos gravitacionais já estabelecidos a partir de estudos anteriores, explicando por que a película de vinho sobe tão rapidamente no copo.
Os investigadores estabeleceram que o fluxo ascendente do vinho é caracterizado por uma onda de escalada que começa como uma consistência uniforme. Porém, quando a agitação termina, a espessura diminui abruptamente na borda traseira. A queda segmentada no interior do vidro é causada por uma onda de choque que interrompe o anel de fluido preso ao vidro.
De acordo com o estudo publicado este mês na revista científica Physical Review Fluids, o modelo da equipa sugere que o contraste entre o fluxo de líquido na lateral do vidro e a força descendente da gravidade se juntam para formar uma onda de choque.
A onda é chamada choque subcompressivo, um tipo instável de onda de choque que faz com que gotas de vinho se acumulem e acabem por escorrer pelo copo como uma lágrima.
Os cientistas tentaram rodar copos de vinho no seu laboratório e observaram que a onda de choque podia ser visualizada como uma crista na borda posterior.
“As lágrimas de vinho são estudadas há mais de um século e é notável que é a primeira vez que são conectadas à instabilidade de um choque subcompressivo“, disse Anette Hosoi, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em declarações ao New Scientist. “Este estudo é um belo exemplo de tais choques num ambiente familiar”.
Este efeito pode explicar por que as películas líquidas influenciadas pelo vento escorrem de maneira semelhante, como visto nas asas do avião ou nas janelas do carro.
Desde quando é que a água evapora mais depressa que o álcool???
É melhor ir rever a tradução do artigo e usar o cérebro… Ou no mínimo um pouco de senso comum.
A frase correcta deve ser:
acontece porque o álcool no vinho evapora muito mais rapidamente do que a água.
Caro leitor,
Dispensamos o tom com que o fez, mas agradecemos-lhe o reparo. Está corrigido.
Perfeito! Não é preciso ser ríspido, pois todos estamos sujeitos a erros. Aliás, nossas atitudes dizem muito mais sobre como somos, do que propriamente o que queremos dizer…Quis ser solidária pq tbm já cometi erros e levei umas “pauladas” desnecessárias…Que possamos brindar com um bom vinho quando isso tudo passar e que as lágrimas sejam somente nas taças…
Este efeito é em função da viscosidade e corpo do vinho.
Vinhos mais encorpados com alto niveis de álcool e glicerol suas lágrimas são mais numerosas e descem mais rápido, pois o álcool evapora mais rápido do que a água.
Vinhos menos encorpado de baixo teor alcoólico, são mais ralos e as lágrimas descem lentamente, pois possuiem mais água e menos álcool e glicerol. Este estudo leva o nome de efeito Marangoni.
Perfeito comentário, saudações brasileiras.
Muito obrigada! 🙂
As primeiras referências a este fenómeno, das lágrimas do vinho no copo. Já li uns artigos há alguns anos, que faziam referência a um engenheiro James Thomson, irmão de William Thomson, pelo ano de 1855. Depois em 1865, dez anos mais tarde, um físico italiano chamado Carlo Marangoni, que realizou uma tese de doutoramento na Universidade de Pavia, em Itália, publicou os seus resultados relativos a este fenómeno. Ficou conhecido pelo “Princípio de Marangoni”. Como se pode constatar este assunto já foi estudado há mais de século.