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Células estaminais podem ajudar a proteger os astronautas da radiação espacial

NASA

Assim que os astronautas deixam a proteção do campo magnético da Terra, ficam automaticamente expostos a níveis elevados de radiação cósmica. A Agência Espacial Europeia (ESA) está cada vez mais focada em investigações para reduzir estes riscos.

No ano passado, a Agência Espacial Europeia (ESA) promoveu a primeira “escola de verão”, que tinha como intuito treinar estudantes e estimular novas ideias para investigações futuras sobre os efeitos da radiação espacial em seres humanos.

Os jovens receberam uma introdução à Física e à Biologia da radiações e a sua missão era projetar experiências para executar em aceleradores de partículas. Os autores das melhores propostas ganharam a oportunidade de acionar o acelerador e disparar partículas atómicas, em prol da sua experiência.

O alemão Emiliano Bolesani recebeu o primeiro prémio desta iniciativa. O jovem procurou identificar a resposta fisiopatológica – alterações anormais – das células cardíacas quando expostas à radiação cósmica.

Neste sentido, Bolesani propôs a utilização de células estaminais para estimular o crescimento de estruturas de tecido cardíaco. Na experiência, estas serão colocadas na extremidade recetora do acelerador de partículas.

Com esta experiência, o investigador quer descobrir que tipo de célula é mais suscetível a danos por radiação – cardiomiócitos, células endoteliais, células musculares lisas ou fibroblastos. Além disso, os resultados ajudarão a criar um modelo para prever como é que estas células vão interagir umas com as outras perante a radiação.

No fundo, a ideia do jovem é recolher células estaminais de astronautas, antes e depois de um voo espacial. Os tecidos e órgãos cultivados a partir dessas células poderão, assim, ser colocados num acelerador de partículas para se saber como reagem à radiação.

“Esta estratégia pode ser estendida a outros órgãos no futuro e pode ajudar a proteger a saúde dos astronautas enquanto exploram o Espaço profundo”, explicou Bolesani.

Este estudo pode revelar detalhes fundamentais sobre a resposta individual, dado que cada um de nós tem uma suscetibilidade diferente à radiação. “Este é um problema para a terapia com radiação, pois pode influenciar a eficiência dos tratamentos na Terra, além de ter implicações para os astronautas expostos à radiação espacial.”

A próxima Space Radiation Summer School da ESA terá início entre 13 e 29 de setembro de 2020. No final do curso, os alunos enviam as suas propostas e as melhores ideias poderão ser incluídas no programa de pesquisa de radiação da estação espacial.

ZAP // CanalTech

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