A Comissão Europeia quer combater os estereótipos, que limitam as aspirações profissionais de rapazes e raparigas, bem como a disparidade salarial. Em Portugal, a percentagem de mulheres nas Forças Armadas e nas tecnologias da informação e comunicação tem estado a diminuir.
Segundo noticiou o Público, a Comissão Europeia apresentou na quinta-feira a Estratégia para a Igualdade de Género para os próximos cinco anos, na qual visa combater, entre outros fatores, a disparidade salarial, nas pensões e na digitalização, sob o comando da comissária para a Igualdade, Helena Dalli. Começou com uma consulta pública sobre transparência salarial e promete uma campanha contra os estereótipos.
Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, vai fazer um balanço dos 25 anos da Plataforma de Ação de Pequim, com foco na segregação horizontal. “Durante muitos anos não foi considerado este problema, que é estruturante”, indicou, citada pelo Público.
“Temos falado mais na disparidade salarial e no acesso das mulheres aos cargos de decisão, na segregação vertical, digamos, e percebemos finalmente que na base de grande parte destes problemas está o acantoamento de mulheres e homens no mercado de trabalho. As mulheres concentram-se nas áreas menos valorizadas”, referiu.
Em Portugal, embora tenha aumentado a participação de mulheres e de homens no mercado de trabalho e baixado a disparidade na remuneração média, a segregação laboral continua. Na Defesa, por exemplo, as mulheres representavam 10,2% das forças armadas em 2017. Em 2008, 13,3%.
Um dos problemas é a diminuição de voluntários. Mas a participação das mulheres nas missões internacionais das forças armadas até tem estado a crescer: passou de 5,4% em 2012 para 9% em 2017, com mais incidência nas forças de segurança (2,1% para 14,3).
É na disparidade noutras áreas que reside o maior problema: enquanto na educação, saúde e serviço social há 30% de mulheres e 7% de homens, nas tecnologias e engenharias há 9% das mulheres e 31% dos homens. E é precisamente nas tecnologias que está a aposta ao nível de crescimento económico na União Europeia.
Em Portugal, tem diminuído o número de mulheres a entrar nos cursos de tecnologias da informação e comunicação. Passaram de 26% das pessoas formadas em 1999 para 21% em 2018. Em 2004, as mulheres representavam 23,5% do mercado de trabalho nessas áreas, enquanto em 2018 esse número baixou para 14%.
Também a nível mundial há uma diminuição no número de raparigas a trabalhar nessas áreas. “Há quem associe isto ao surgimento do computador pessoal e ao facto de ser sido muito vendido como objeto de rapazes e homens. Há um fortíssimo abandono de mulheres de grandes empresas. Poucas entram e, dessas, algumas acabam por não resistir a culturas muito masculinas”, disse a secretária de Estado.
“Com a estratégia europeia a seguir esta linha de prioridades e com o nosso trabalho em Portugal muito alinhado com este objetivo estaremos em condições de desvendar mais esta dimensão das desigualdades e começar a intervir de forma mais estruturada”, acrescentou.