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Pequeno implante cerebral elétrico pode conseguir acordar pessoas em coma

Quando uma pessoa está em coma, pode conseguir despertar gradualmente. Porém, se o estado do coma se prolongar, é raro que se volta a ganhar consciência. Um novo estudo mostrou que há uma minúscula zona no cérebro que, ao ser estimulada, pode acordar pessoas inconscientes.

Há pessoas que podem nunca conseguir acordar de um coma, entrando num estado vegetativo, parecendo acordados mas sem sinais de consciência. Estes pacientes podem, eventualmente, aumentar o estado de consciência – ou ficar em estado vegetativo durante vários anos.

Para ajudar estas pessoas, os cientistas têm tentado descobrir onde reside a consciência no nosso cérebro. Saber isso não só resolveria uma das principais questões da neurociência, como também poderia ajudar a desenvolver tratamento para “despertar” pessoas em coma.

Exames ao cérebro sugerem que uma área chamada tálamo, que se localiza acima do tronco cerebral, desempenha um papel na consciência. Num artigo publicado este mês na revista científica Neuron, investigadores da Universidade de Wisconsin-Madison identificaram um pequena zona nessa região – com apenas alguns milímetros de tamanho – que, quando estimulada adequadamente, parece acordar macacos inconscientes.

Primeiro, os cientistas inseriram elétrodos no cérebro de macacos, registando atividades de várias áreas do cérebro de cada vez. Ao estudar os animais quando estavam acordados, a dormir ou anestesiados, delimitaram a região que parecia estar envolvida com a consciência a uma área dentro do tálamo, com apenas entre 1 a 1,5 milímetros de diâmetro e 3 a 4 milímetros de profundidade, chamada tálamo lateral central.

Em seguida, usaram uma abordagem chamada estimulação cerebral profunda em macacos anestesiados para fornecer pulsos elétricos a essa região. A estimulação cerebral profunda, que envolve a inserção cirúrgica de elétrodos no cérebro para administrar a estimulação elétrica intermitente, é um tratamento aprovado para a doença de Parkinson, por exemplo. Também foi experimentado em alguns pacientes em coma, mas ajudou apenas algumas pessoas.

Em contraste com essas tentativas, a equipa usou elétrodos muito mais pequenos para atingir com precisão o tálamo lateral central. Quando ativaram a estimulação, houve um efeito imediato nos macacos.

“Cerca de dois segundos após o início da estimulação, os animais começaram a abrir os olhos e fazer movimentos corporais”, disse Yuri Saalmann, professor assistente de psicologia da Universidade de Wisconsin-Madison, de acordo com o OneZero. “O animal olhou ao redor da sala como se estivesse a sair da anestesia normalmente, apesar do facto de haver uma administração contínua de uma dose relativamente alta de anestesia”.

Quando a estimulação foi desligada, os macacos voltaram ao estado inconsciente em segundos.

Antes desta abordagem ser tentada em pacientes em coma, a equipa de Saalmann precisa de fazer mais estudos com animais. Os investigadores querem fazer estudos para ver se conseguem manter os macacos conscientes durante mais tempo para executar determinadas tarefas. Saalmann espera adotar a abordagem para ensaios clínicos em pacientes em coma dentro de alguns anos.

ZAP //

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