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Crânio descoberto há mais de 100 anos pode ser de Plínio, o Velho

(dr) Luciano Fattore

O crânio e o maxilar encontrados há mais de 100 anos em Estábia

Um novo estudo sugere que um crânio descoberto há mais de um século, perto de Pompeia, poderia ser o do naturalista romano e líder militar Plínio, o Velho.

De acordo com o Live Science, o estudo ainda não foi publicado, mas já foi apresentado, no passado dia 23 de janeiro, no Museu Histórico Nacional de Arte Sanitária, em Roma, e pode finalmente dar novas luzes sobre o local onde morreu Plínio, o Velho, enquanto tentava resgatar pessoas da erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C.

Ao chegar a Pompeia, Plínio não resistiu aos gases vulcânicos e deu o seu último suspiro nas margens de Estábia, uma antiga cidade romana perto do vulcão. O seu corpo, que nunca foi devidamente enterrado, acabou por perder-se ao longo dos tempos.

Em 1900, o interesse arqueológico em Pompeia floresceu e, nessa altura, o engenheiro Gennaro Matrone encontrou mais de 70 esqueletos nessa cidade. Um deles — com colares e pulseiras de ouro e uma espada decorada com marfim e conchas do mar — tinha grande potencial para ser o do naturalista romano e líder militar.

A ideia de Matrone, contudo, não foi levada a sério pelos académicos. Frustrado, o engenheiro decidiu vender as joias e voltou a enterrar o esqueleto, tendo ficado apenas com o crânio, um maxilar e a espada. Foram estes restos que acabaram no museu italiano acima referido, onde permaneceram até agora e onde finalmente foram analisados mais uma vez.

A análise levada a cabo pelos investigadores sugere que o crânio pode, de facto, ter pertencido a Plínio, mas não o maxilar, que será de outra pessoa.

Em declarações ao mesmo site, Luciano Fattore, um dos antropólogos que trabalhou nesta investigação, explicou que os pedaços de cinzas no crânio indicaram que foi escavado de uma camada de cinzas do Vesúvio — evidência fundamental de que esta pessoa morreu na erupção.

Geoffrey / Wikimedia

Ilustração de Plínio, O Velho

Por sua vez, Andrea Cionci, historiador de arte e jornalista, declarou que os isótopos nos dentes revelaram que o indivíduo passou a primeira parte da sua infância no norte de Itália, incluindo Como, onde Plínio cresceu.

No entanto, houve um teste que tirou força a esta teoria. Depois de observar o desgaste dentário dos dentes, os cientistas descobriram que a pessoa morreu entre os 30 e os 40 anos — muito jovem para ser Plínio, que morreu aos 56, disse Cionci.

As suturas cranianas, por outro lado, mostraram que a pessoa era mais velha. Uma parte do crânio sugeriu que tinha entre 33 e 58 anos, enquanto a outra mostrou que tinha entre 48 e 65 anos. “Ambas abrangem a idade bem conhecida da morte de Plínio”, disse Fattore.

“O exame da articulação temporomandibular evidenciou que o crânio e o maxilar referem-se a dois indivíduos distintos“, disse o antropólogo, acrescentando  que essa interpretação também foi confirmada pelo ADN encontrado nas mitocôndrias do crânio e dos dentes.

Fattore explicou ainda que o haplótipo do crânio aponta para ascendência romana, enquanto que a mandíbula “é atribuível, entre outros, ao norte de África”. Dado o seu ADN, pode ter pertencido a uma pessoa com origem negra que também morreu na erupção.

Apesar destes resultados serem promissores, o antropólogo acredita que nunca se saberá com certeza se estes restos mortais são de Plínio. “A única hipótese para fazer diminuir as incertezas seria reconstruir a linhagem de Plínio até hoje e comparar o seu genoma com o de um descendente claro”.

ZAP //

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