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Os cérebros das lulas são quase tão complexos como os dos cães

Com recurso a ressonância magnética de alta resolução e um conjunto de técnicas de coloração, os cientistas descobriram vias neurais previamente desconhecidas das lulas.

Para obter o primeiro mapa de alta resolução do cérebro (conectoma) de uma lula de recife — Sepioteuthis lessoniana —, os cientistas usaram ressonância magnética de alta resolução e algumas técnicas de coloração, escreve o Science Alert.

Os animais usados na pesquisa foram manchados com corante prateado ou traçadores neurais fluorescentes multicoloridos, o que permitiu à equipa mapear as vias neurais e confirmar mais de 99% das 282 principais vias já identificadas.

Além disso, os investigadores identificaram ainda 145 novas vias neurais principais. Destas, mais de 60% estão ligadas à visão e ao sistema motor.

“Podemos observar que muitos circuitos neurais são dedicados à camuflagem e à comunicação visual. Isto dá à lula uma capacidade única de fugir dos predadores, caçar e comunicar de maneira específica com mudanças dinâmicas de cores”, explica o neurobiólogo Wen-Sung Chung, da Universidade de Queensland, na Austrália, e autor do estudo publicado na revista científica iScience.

(dr) Chung et al., iScience, 2020

Mapa de alta resolução do cérebro (conectoma) de uma lula de recife

Segundo os investigadores, os cefalópodes não conseguem ver cores, no entanto, são capazes de as perceber de alguma forma (no caso das lulas, estas enviam mensagens umas às outras manipulando a cor da sua pele).

Por isso, esta investigação parece ter encontrado algumas das vias associadas a esse processamento visual e os comportamentos que possibilita, bem como a possível estrutura no cérebro responsável por coordenar a visão e a camuflagem, diz o mesmo site.

“Os cefalópodes modernos têm cérebros famosos e complexos, aproximando-se dos de um cão e superando mesmo os dos ratos, pelo menos em número neuronal. Por exemplo, alguns deles têm mais de 500 milhões de neurónios, em comparação com os 200 milhões de um rato e os 20 mil de um molusco normal”, afirma Chung.

ZAP //

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