A Ryanair está a pagar os subsídios de férias e Natal, afirmou hoje um responsável da companhia, salientando que o sindicato dos tripulantes de cabine tenta “forçar” aumentos salariais de 15%, o que “não é realista”.
“Não há violação da lei, não há violação dos subsídios de férias e de Natal. (…) Na verdade, o que se passa é que o sindicato [Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil – SNPVAC] está a tentar forçar aumentos salariais de 15%, o que não é realista num mercado onde estamos já a pagar acima da média”, defendeu o diretor de pessoal da Ryanair, Darrell Hughes, em declarações à agência Lusa.
Em causa está um processo que a Ryanair e a sua empresa de recrutamento – a Crewlink – perderam, tendo sido obrigadas a pagar subsídios de férias e Natal a um funcionário, segundo adiantou o SNPVAC.
Em comunicado enviado naquela ocasião, a estrutura sindical destacou que “os tripulantes de cabine da companhia Ryanair/Crewlink a operar em Portugal, começam finalmente a ver os seus direitos reconhecidos, ainda que apenas após recurso a tribunais, para que estes sejam respeitados pela empresa irlandesa”.
O sindicato informou ainda que “esta decisão é a primeira de muitas que o SNPVAC aguarda com enorme expectativa, e que terão um importante impacto na vida dos tripulantes da Ryanair/Crewlink”.
Questionado pela Lusa, Darrel Hughes sublinhou que a Ryanair transitou para a lei do trabalho portuguesa em fevereiro de 2018 e que, naquela altura, deram a escolher aos trabalhadores e às respetivas estruturas sindicais entre o pagamento dos subsídios diluído pelos 12 meses de ordenado ou o pagamento anual em 14 meses, sem aumentos salariais.
“De qualquer das formas, os subsídios de férias e Natal estão a ser pagos e é por isso que a Crewlink está a recorrer da decisão [do tribunal]. Estamos confiantes de que, se houver um caso contra a Ryanair, nós vamos ganhar esta decisão”, acrescentou.
De acordo com o responsável da companhia ‘low cost’, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) aceitou a proposta da Ryanair, optando pelo pagamento dos 14 meses, e o SNPVAC rejeitou, pois, além do pagamento dos dois meses de subsídio, reivindica aumentos salariais de 15%.
“Para desbloquear esta situação é necessário que o SNPVAC faça propostas mais realistas para um contrato coletivo de trabalho de longo termo para o nosso pessoal [de cabine] em Portugal, que é exatamente o que negociámos com os nossos pilotos”, acrescentou.
Atualmente, de acordo com a companhia aérea, os tripulantes de cabine estão a receber os subsídios diluídos nos 12 meses do ano.
“Se querem ser pagos em 14 meses, nós não temos nenhum problema com isso. (…) Mas o que nós não podemos fazer – e parece que é isso que o sindicato dos tripulantes de cabine está a forçar – é fazer aumentos de 15% nos ordenados e pagar mais dois meses extra ao salário anual acordado, que já é bem alto”, reiterou Darrel Hughes.
// Lusa