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Sindicato da PSP apaga publicação que insinuava que mulher detida na Amadora tinha “doenças graves”

Tiago Petinga / Lusa

O Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública (PSP) eliminou uma publicação que tinha feito na sua página oficia de Facebook, na qual se referia ao caso de Cláudia Simões, a mulher que foi detida na Amadora, em Lisboa, em frente à filha num autocarro da Vimeca e acusa as autoridades de agressão.

Na publicação na rede social, que era acompanhada de algumas fotografias que retratavam o “estado” em que o agente terá ficado após a ocorrência, o sindicato dizia ainda esperar que este não tenha apanhado “doenças graves”.

“Foi neste estado que ficou hoje o colega, ao intervir numa ocorrência na Amadora. As melhoras ao colega e espero que as análises sejam todas negativas a doenças graves. Contudo a defesa da cidadã está a começar a ser orquestada pelo ódiomor de brancos. Está tudo bem, não se passa nada”, podia ler-se no post entretanto apagado.

Questionada pelo semanário Expresso, a a Direção Nacional da PSP assegura que não pediu que a publicação fosse retirada nem teve qualquer tipo de intervenção na situação.

“Um vez mais, vinco que aqueles são valores em que a instituição não se revê, no entanto da nossa parte não houve nada que ver com isso”, assegurou fonte da PSP, acrescentando, contudo, ser necessário “analisar” e, “eventualmente”, tomar medidas.

Entretanto, noticiou o jornal Público esta quinta-feira, a Inspetor-geral da Administração Interna (IGAI), já abriu inquérito ao sindicato em causa, “tendo solicitado à Direção Nacional da PSP que sobre a mesma se pronuncie”.

Trata-se de um processo administrativo que tem em conta “as notícias de violação grave dos direitos fundamentais de cidadãos por parte dos serviços e seus agentes que cheguem ao conhecimento da IGAI por eventuais violações da legalidade e, em geral, as suspeitas de irregularidades no funcionamento dos serviços, tendo em vista o exercício de controlo indireto ou a instauração de procedimento disciplinar nos casos de maior gravidade”.​

(dr) Twitter

O Sindicato Unificado, que é liderado por Ernesto Peixoto Rodrigues, assume-se como uma organização sindical “autónoma e independente do Estado, dos Governos, das confissões religiosas ou quaisquer organizações de natureza político ou partidárias”.

Ernesto Peixoto Rodrigues é um agente da PSP que foi em julho deste ano alvo de uma pena disciplinar de aposentação compulsiva por ter faltado ao serviço durante 83 dias consecutivos sem justificação. Foi também o número 10 na lista da coligação Basta!, que nas europeias de maio teve como cabeça de lista o atual líder do Chega, André Ventura.

Sindicato da polícia não quer “mediatismo”

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia repudiou esta quinta-feira o mediatismo criado sobre a detenção de uma mulher na Amadora, considerando que cabe à Justiça averiguar o sucedido e “julgar quem tiver que ser julgado”.

Em comunicado citado pela agência Lusa, a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) afirma que “jamais compactuará com novos casos, semelhantes ao de Alfragide ou do Bairro da Jamaica, onde polícias viram a sua vida pessoal e profissional vilipendiada com a conivência leviana, quer por omissão, quer por ação, de entidades que tinham o dever acrescido colocar cobro e/ou não alimentar todos os julgamentos e mediatismo que tiverem lugar na praça pública”.

“À Direção Nacional da PSP, sem se pedir que tome partido por nenhuma das partes, exige-se que não se limite a esperar para reagir às questões colocadas pelos jornalistas e que seja mais proativa (como tanto exige ao seu efetivo) no tratamento deste tipo de casos, colocando as pessoas, independentemente da sua notoriedade social, no seu devido lugar, argumenta a ASPP/PSP na mesma nota de imprensa.

ZAP //

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