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Um dos ingredientes mais comuns da dieta ocidental altera genes no cérebro

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O uso de óleo de soja tem aumentado drasticamente nas últimas décadas, tornando-se o óleo comestível mais consumido nos Estados Unidos. No entanto, um novo estudo sugere que o óleo de soja causa alterações genéticas no cérebro.

O aumento no consumo de óleo de soja coincidiu com uma escalada alarmante nas condições metabólicas, como diabetes, resistência à insulina e obesidade. Estudos anteriores já tinham mostrado que ratos alimentados com uma dieta rica em óleo de soja tinham uma maior probabilidade de desenvolver essas condições do que roedores alimentados com outras gorduras, como o óleo de coco.

Estudos posteriores sugeriram que o culpado poderia ser o ácido linoléico, já que os ratos que consumiram óleo de soja modificado que não tinha esse ingrediente-chave foram poupados de muitos dos efeitos nocivos.

Para entender melhor a forma como o óleo de soja produz essas consequências negativas, os cientistas decidiram investigar o seu impacto na expressão de genes no hipotálamo, uma região do cérebro que regula o metabolismo e outros processos essenciais.

Os ratos foram divididos em grupos. Um grupo recebeu uma dieta rica em óleo de soja normal, outro consumiu uma dieta rica em óleo de soja sem ácido linoleico e o terceiro foi alimentado com uma dieta rica em óleo de coco.

De acordo com o estudo publicado este mês na revista científica Endocrinology, os cientistas descobriram que o óleo de soja modifica a expressão de cerca de 100 genes diferentes no hipotálamo, afetando processos como o metabolismo, doenças neurológicas e inflamação. Entre os genes alterados, estão alguns que são associados à esquizofrenia, depressão e doença de Alzheimer.

Por outro lado, de acordo com um comunicado divugaldo pelo EurekAlert, o gene mais afetado foi um gene que codifica a produção de uma hormona chamada ocitocina. A ocitocina é conhecida como a “hormona do amor”, uma vez que promove vínculos sociais e sentimentos de euforia – e as perturbações no seu funcionamento têm sido associadas à depressão e ao autismo.

A hormona também desempenha um papel fundamental na regulação do peso corporal e do metabolismo da glicose. Os ratos alimentados com óleo de soja sofreram de intolerância à glicose, enquanto aqueles alimentados com óleo de coco não tiveram esses problemas.

Além disso, o gene da ocitocina foi afetado igualmente nos ratos que consumiram óleo de soja normal e óleo de soja sem ácido linoléico, sugerindo que a remoção do ingrediente não protege contra os efeitos nocivos do óleo de soja.

Os investigadores voltaram a sua atenção para outro composto encontrado no óleo: estigmasterol. Um outro grupo de ratos recebeu uma dieta rica em óleo de coco modificado que continha grandes quantidades de estigmasterol para verificar se causava alterações genéticas semelhantes no hipotálamo. No entanto, não foi encontrada nenhuma alteração genética no hipotálamo desses ratos, indicando que o estigmasterol não é o culpado pelos perigos do óleo de soja.

Estudos futuros poderão concentrar-se em determinar qual é o ingrediente responsável por estas alterações genéticas no cérebro.

ZAP //

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