EUA. Mulher em tribunal por abandono de bebé em caixote do lixo

Uma mulher brasileira que permanece ilegal nos Estados Unidos (EUA) enfrenta a justiça por ter abandonado a filha recém-nascida num caixote de lixo, numa cidade da Florida, em maio, tendo confessado o crime a detetives.

Rafaelle Sousa, de 35 anos, foi detida a 09 de maio de 2019 e está em prisão preventiva, depois de ter sido confrontada pela polícia e ter confessado aos detetives do condado de Palm Beach que colocou a bebé num caixote de lixo, alegadamente sem saber do direito de permanecer em silêncio, noticiou a agência Lusa.

Na segunda-feira, os advogados de defesa contestaram em tribunal com uma moção, onde afirmam que a confissão devia ser descartada visto que a mulher não foi informada do direito de permanecer em silêncio e de que as suas afirmações podiam ser usadas contra si pela justiça.

O juiz ainda não proferiu uma decisão sobre a moção para remover a confissão da suspeita e a próxima audiência ficou marcada para 03 de fevereiro.

A bebé foi encontrada por duas pessoas quando estava a chorar e ficou sob custódia do Departamento das Crianças e Famílias do estado da Florida. O crime ocorreu em Boca Raton, uma cidade da Florida, e deu lugar a acusações em tribunal de tentativa de homicídio e maus tratos à bebé.

Segundo relatos dos jornais norte-americanos, a mulher tem dificuldades com a língua inglesa e, em maio, foi interpelada por vários detetives, tendo falado em português com um deles, que não a terá informado do direito de permanecer em silêncio. Atualmente, nas sessões de tribunal, a mulher é acompanhada por um intérprete português.

De acordo com a autoridade da Imigração e Alfândega dos EUA, citada pela Associated Press, a mulher permanece ilegal no país e já tem um mandado de detenção para ficar sob custódia e ser expulsa do país depois de terminado o caso em tribunal.

Considerando as declarações aos detetives em maio, Rafaelle Sousa deu à luz em casa, mas não ouviu a bebé chorar e após três horas, achando que a recém-nascida estava morta, enrolou-a em sacos de plástico e colocou-a num caixote de lixo. A mulher terá tentado chegar de novo à bebé para confirmar que estava morta, mas não se aproximou porque havia pessoas ao lado do caixote.

Os procuradores admitiram que os direitos não foram lidos na sua totalidade à suspeita porque no momento da confissão esta ainda não estava sob custódia.

Na audiência de segunda-feira, uma outra detetive disse que foi Rafaelle Sousa que tentou falar com os agentes que tinham aparecido no local. A arguida disse não sabia que ainda estava em liberdade quando falava com o detetive em português.

Os advogados de defesa sustentam que a brasileira proferiu as declarações porque os detetives estavam armados, tinham algemas e a tinham intercetado à porta de casa.

O companheiro de Rafaelle Sousa e pai da bebé terá direito a ficar com a bebé e disse aos jornalistas que não sabia que a mulher estava grávida, mas que os testes de ADN provaram a paternidade.

Lusa //

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