Numa visita a Florença, o médico norte-americano Daniel Gelfman notou que o pescoço de David tinha a veia jugular externa saliente.
Durante uma visita à Galeria da Academia de Belas Artes, em Florença, na Itália, o médico norte-americano, Daniel Gelfman, notou que a escultura David de Miguel Ângelo apresentava a veia jugular externa no lado direito do pescoço distendida bem acima da clavícula.
Um estudo, publicado no dia 26 de dezembro na revista JAMA Cardiology, mostrou que Miguel Ângelo conhecia factos sobre o sistema circulatório humano que os cientistas e os médicos ainda não tinham descoberto – e a prova disso é a veia jugular que esculpiu em David.
“A minha reação inicial foi de fascínio. David é uma peça inspiradora e houve uma atenção incrível ao detalhe e à precisão da anatomia física”, conta o especialista.
O médico explicou, em declarações ao USA Today, que o artista estava ciente desta distenção “venosa temporária da jugular em indivíduos saudáveis que estão ansiosos”. E, de facto, David estava ansioso por enfrentar Golias.
A distensão desta veia também pode ser observada em indivíduos doentes que tenham a pressão intracardíaca elevada e, provavelmente, uma disfunção cardíaca. No entanto, este não seria o caso de David.
A Sábado evidencia que os médicos só descobriram a natureza do sistema circulatório em 1628, enquanto que escultura de David foi publicamente revelada em 1504. Este intervalo de tempo demonstra que o escultor tinha conhecimentos anatómicos.
O médico norte-americano foi o primeiro a reparar na jugular distendida, que esteve “escondida à vista por mais de 500 anos“.
Mas Miguel Ângelo não era o único artista com conhecimentos anatómicos na época do Renascimento. Leonardo da Vinci (1452-1519), por exemplo, foi o primeiro a descrever o coração como um músculo e um órgão com quatro cavidades e a explicar com precisão como o sangue circulava por essas cavidades.
Não sou médico nem historiador de arte, mas parece-me aventado afirmar che Michelangelo tivesse tais conhecimentos de anatomia, que só séculos mais tarde viriam a ser adquiridos (descobertos).
Parece-me mais que tenha sido o génio do escultor a torná-lo capaz de observar detalhes invisíveis aos demais e, por isso, a aperceber-se da pesença desta “veia saliente” em geral em pessoas que fossem tomadas per esta ‘ânsia’ quando em vista de – ou durante – um encontro importante, uma acesa discussão, uma boa zaragata ou uma batalha – e disso não faltava (na verdade, mesmo hoje nunca falta…)