Twitter remove seis mil contas sauditas para combater desinformação

O Twitter anunciou na sexta-feira que identificou e removeu cerca de seis mil contas, alegando que eram parte de um esforço coordenado dos dirigentes da Arábia Saudita para promoverem os seus interesses geopolíticos.

Da mesma forma, o Facebook também anunciou que tinha removido centenas de contas, de grupos e páginas falsas ligadas a dois grupos separados, um baseado na Geórgia e outro no Vietname, noticiou a agência Lusa.

As mais recentes repressões de campanhas nas redes sociais apoiadas por governos ocorrem quando estas empresas tecnológicas desenvolvem esforços para bloquearem a desinformação nos seus serviços, antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos (EUA), marcadas para o próximo ano.

Estes esforços resultaram das revelações de que os dirigentes da Federação Russa promoveram milhares de anúncios políticos falsos durante as eleições presidenciais nos EUA em 2016, para semear a divisão entre os norte-americanos. Os anúncios do Twitter e Facebook sublinham o facto de que as preocupações não se cingem ao que envolve apenas russos e norte-americanos.

Na sua página oficial, o Twitter justificou a remoção das contas sauditas, justificando que estas estavam a amplificar mensagens favoráveis aos dirigentes de Riade, principalmente através de uma forma agressiva de exprimir “gosto”, redistribuir os conteúdos e responder aos mesmos.

Apesar de a maioria das mensagens ser em árabe, a rede social avançou que as mensagens amplificavam discussões sobre as sanções ao Irão e a cobertura mediática dos governantes sauditas na comunicação social ocidental.

“Os governos começaram a lançar campanhas de influência da mesma forma que as empresas comerciais lançam campanhas para vender detergentes ou carros”, afirmou James Ludes, um analista de defesa nacional, que ensina Relações Internacionais e Políticas Públicas, na Universidade Salve Regina, em Rhode Island.

A responsável salientou que os esforços russos em 2016 mostraram que era possível “mudar atitudes públicas através do uso focado das redes sociais”.

O Twitter começou a arquivar mensagens por as considerar associadas com operações de desinformação promovidas por Estados. Em agosto fechou 200 mil contas chinesas que atacavam os manifestantes em Hong Kong.

As contas agora removidas do acesso público estão ligadas a uma empresa saudita de marketing nas redes sociais, designada Smaat, que gere muitos departamentos governamentais da Arábia Saudita.

Samuel Woolley, professor na Universidade do Texas, em Austin, nos EUA, que estuda o uso de desinformação, disse que, apesar de a campanha saudita usar técnicas de manipulação básica, como o uso massivo do botão “gosto” e a redistribuição de mensagens, a dimensão e a escala e da campanha eram uma novidade.

Em setembro, o Twitter suspendeu a conta de Saud al-Qahtani, que foi o principal conselheiro do príncipe herdeiro saudita e diretor da federação de cibersegurança da Arábia Saudita. À semelhança do anúncio de sexta-feira, argumentou então que a conta violava a política da empresa sobre manipulação de informação.

Lusa //

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