Pelo menos 302 mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas este ano na Somália, devido à violência e às secas severas, anunciou na terça-feira a organização não-governamental do Conselho Norueguês para Refugiados (NRC, na sigla em inglês).
De acordo com dados do NRC e da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a violência e a insegurança foram responsáveis por 158 mil dessas deslocações, enquanto a seca expulsou mais 126 mil pessoas, noticiou a agência Lusa.
O maior número de deslocações ocorreu em julho, com cerca de 52 mil pessoas a chegarem aos campos de refugiados em busca de alimentos e abrigo após o fim de uma época de colheitas muito negativa e um aumento acentuado do preço dos cereais.
“O efeito esmagador da seca tem despojado as comunidades rurais dos seus cultivos, gado e fontes de água, enquanto o conflito armado se aproxima das suas casas. É provável que 2,1 milhões de somalis sofram de fome a partir de dezembro “, advertiu Victor Moses, diretor do NRC na Somália, em comunicado.
De acordo com dados das Nações Unidas, o sul do país registou a sua pior colheita sazonal desde 1995 e sofre secas regulares desde 2015.
“Esta população precisa de ajuda. Mas quando a insegurança nos impede de agir, muitas pessoas são forçadas a deixar áreas afetadas por conflitos em busca de ajuda”, disse Victor Moses, referindo que muitas pessoas deslocadas deixam as áreas rurais e acabam em acampamentos perto das áreas urbanas.
No total, 2,6 milhões de somalis estão atualmente deslocados, num país afetado pela violência durante quase três décadas. A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um governo eficaz e nas mãos de milícias islâmicas radicais, senhores da guerra e bandos criminosos armados.