/

Proteção Civil quer que bombeiros voltem a ser obrigados a usar cinto de segurança

Paulo Novais / Lusa

A estrada mata mais bombeiros do que os incêndios. Por isso, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil criou um grupo específico para analisar o problema.

Rui Ângelo, chefe da Divisão de Segurança, Saúde e Estatuto Social da Autoridade de Proteção Civil, adiantou`à Renascença que, nos últimos dez anos, “faleceram mais bombeiros decorrentes de acidentes rodoviários do que do combate a incêndios rurais”. “Estamos a falar de 15 bombeiros, 15 pessoas e 15 famílias que tiveram uma morte decorrente de acidentes rodoviários.”

Este ano ainda não foi registada qualquer vítima mortal. Ainda assim, só em 2019, houve 83 acidentes com viaturas de bombeiros, dos quais resultaram 75 feridos, dois deles em estado grave. A velocidade inerente à função está na origem da maioria dos sinistros.

“Sem dúvida que a marcha de urgência tem associada uma velocidade que pode ser superior à permitida por lei. No troço específico da estrada em que o veículo se encontra. No entanto, mesmo um veículo de bombeiros tem que adequar a sua velocidade ao piso, ao tipo de veículo, e às condições meteorológicas. Temos também a síndrome da sirene que é aquela noção de que em marcha de urgência nada nos irá acontecer, que todos os outros veículos nos semáforos param. Temos também a fadiga, e, numa percentagem muito menor, causas associadas a problemas mecânicos dos veículos”, disse.

De acordo com o matutino, o grupo de trabalho inclui representantes do INEM, da Liga dos Bombeiros e da Escola Nacional de Bombeiros. Até agora, tem produzido material de sensibilização que tem sido enviado para todas as corporações do país, mas propõe-sea  ir mais além.

“Do ponto de vista técnico, esta equipa propõe que não exista nenhuma justificação para abrir exceções à utilização do cinto de segurança no decorrer das operações de proteção e socorro. Não serão os dois ou três segundos, que demora a colocar o cinto, que vão prejudicar a missão. E há a noção que temos da análise dos acidentes de que bombeiros não teriam morrido se o tivessem o colocado”, afirma Rui Ângelo.

“Por isso, achamos que não deve ser aberta qualquer exceção à não utilização do cinto de segurança”, remata o responsável. A proposta seguirá em breve para o Governo.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.