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Primeiro debate a seis começou com divergências nas pensões e terminou com carne e peixe

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J.S.Goulão, J. Relvas, M.A. Lopes, P. Novais / Lusa; PSD / Flickr

André Silva, António Costa, Assunção Cristas, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa, Rui Rio

Realizou-se nesta quarta-feira o primeiro debate da campanha eleitoral com todos os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar. Transmitido pelas Rádios TSF, Renascença e Antena 1, o debate deixou a nu as divergências ideológicas de fundo dos vários partidos, mas também colocou alas rivais a concordarem.

Catarina ao ataque ao PAN e ao lado do PSD

A Segurança Social foi um dos primeiros temas comentados por António Costa (PS), Rui Rio (PSD), Assunção Cristas (CDS-PP), Jerónimo de Sousa (CDU), Catarina Martins (Bloco de Esquerda) e André Silva (PAN). E foi logo a abrir que ficaram patentes as diferenças de fundo entre os diversos partidos.

Rio defendeu uma taxa sobre o valor acrescentado das empresas como forma de financiamento da Segurança Social. Uma ideia que Costa rejeitou, notando que o seu Governo criou “um conjunto de mecanismos que permitiram diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social” e adiar “em 22 anos a necessidade de recorrer” ao Fundo de provisões.

“O sistema não está seguro por 22 anos. Antes estivesse!”, atirou Rio, desmentindo Costa e notando que a previsão de estabilidade do Governo deve-se apenas a factores conjunturais que podem alterar-se.

Também Catarina Martins criticou as ideias “perigosas” do PAN sobre o plafonamento e a reforma tardia. Se houvesse plafonamento, “as pessoas teriam perdido tudo” com a crise dos bancos, já que parte das pensões estariam no sistema financeiro, salientou a líder bloquista.

Elogios deixou Catarina Martins para a proposta do PSD – que é “há muito tempo da esquerda”, como disse – para que as contribuições também incidam sobre a riqueza das empresas. O PCP está igualmente ao lado desta medida, enquanto o CDS a rejeita.

A lição de Costa a André Silva

Durante o debate, Costa e Cristas protagonizaram alguns dos momentos mais tensos, com a líder do CDS a acusar o Governo socialista de “inacção durante quatro anos” enquanto a Polícia Judiciária continua a queixar-se da falta de meios.

Costa respondeu que o problema existe “há 40 anos e vai continuar”. “Nessa matéria não me dá lições”, atirou, lembrando a carreira de professora de Cristas.

Mas foi uma lição o que Costa deu a André Silva depois de o PAN ter defendido que as entidades internacionais “propõem a criação de tribunais especializados” para julgar crimes como violência doméstica.

Costa esclareceu que o que se defende é a especialização dos magistrados na formação e não a criação de tribunais especiais.

Também Catarina Martins quis vincar a discórdia do PAN, frisando que o conceito de tribunais específicos para julgar crimes específicos é “próprio de regimes totalitários, não democráticos”.

Proposta de Rui é “conversa de café”, segundo Costa

A reforma do sistema político foi uma das bandeiras que Rio levou para o debate, defendendo a redução do número de deputados e notando que é preciso “alterar a forma de eleger os deputados, de forma a que os círculos grandes sejam mais pequenos” para “aproximar eleitores de eleitos”. “Como está é que não serve”, frisou o líder do PSD.

“A forma de funcionamento dos partidos, a começar pelo meu, não é credibilizador perante a opinião pública”, acrescentou Rio. “Conversa de café”, atirou Costa, salientando que “as reformas não se discutem em abstracto” e que reduzir o número de deputados seria “reduzir a proporcionalidade”.

O líder do PS apontou ainda que essa ideia do PSD vem dos tempos de Cavaco Silva e que o objectivo era, naquela altura, “eliminar” o CDS que só tinha 4 deputados.

Neste âmbito, André Silva propôs a redução dos círculos eleitorais, considerando que, actualmente, há “cidadãos de primeira e de segunda”. “Há cidadãos que votam numa força política e não vêem eleitos”, acrescentou Jerónimo de Sousa, reforçando que “uma força que tenha 20% em Portalegre não elege ninguém”.

E foi neste tópico que Costa e Cristas fumaram o “cachimbo da paz”, concordando que o tópico da reforma do sistema eleitoral não é uma prioridade da campanha. “Há mais vida para lá do sistema eleitoral”, afirmou Cristas, com Costa a concordar.

“Talvez para o Dia de São Nunca à Tarde”

O combate à corrupção foi outro dos temas abordados no debate a seis, com Rio a atacar o Ministério Público, notando a “eficácia zero” da entidade nos “grandes casos” como o do BES.

A líder bloquista defendeu novas medidas contra o enriquecimento injustificado, frisando que o dinheiro envolvido nestes casos deve ser “confiscado a 100% pelo Estado”.

Costa e Rio concordaram que “não é necessário criar um crime novo” para combater a corrupção em cargos públicos. O que é preciso é que “o Ministério Público use os instrumentos que já tem”, vincou Costa. “Os julgamentos devem ser feitos no sítio certo: os tribunais””, acrescentou Rio.

Costa defendeu ainda o fim do corte nos vencimentos dos políticos. “Ao ritmo que as coisas andam talvez para o Dia de São Nunca à Tarde”, atirou Jerónimo de Sousa, reforçando que não é “linear” que “os políticos bons são aqueles que são bem pagos”. “Eu, por exemplo, continuo com o salário de metalúrgico“, sustentou.

A terminar o debate, numa última ronda de perguntas para respostas rápidas, Costa manifestou-se disponível para que o peixe passe a dominar em todos os jantares oficiais do Governo. Rio disse que é contra a legalização da canábis para fins recreativos e Cristas que é contra passar o direito de voto para os 16 anos. Jerónimo de Sousa defendeu as touradas com o argumento do “respeito pela cultura de cada povo, independentemente de se gostar ou não”, e André Silva afirmou que faz sentido rever o acordo ortográfico. Já quanto ao anúncio da Universidade de Coimbra de que vai deixar de servir carne de vaca na cantina, Catarina Martins referiu que é uma questão de “autonomia” da instituição, mas lembrou que quando lá estudou, “a carne de vaca já não fazia propriamente parte do menu social”.

ZAP //

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3 Comments

  1. As propostas boas ou não dos partidos com assento parlamentar já quase todos conhecemos e nada de novo trazem, para alem das promessas habituais das campanhas eleitorais. Porque não dar a oportunidade a todos aqueles que não têm assento parlamentar de exporem as suas ideias? Que receio têm estes seis partidos?

  2. Esta Catarina Martins deve ter algum problema de saúde. Só pode.
    Primeiro veio com aquela história das águas que evaporam nas barragens. Depois sai-se com uma outra em que diz que o problema da crise económica resolve-se com o aumento dos salários…
    Será que a mulher anda adoentada?

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