Lagarde passa na primeira votação no Parlamento Europeu. Maioria dá luz verde à ida para o BCE

Christine Lagarde recebeu esta quarta-feira o apoio da maioria dos deputados do Comité Económico e Monetário do Parlamento Europeu, que se reuniu para uma audição à candidata proposta pelo Conselho Europeu para chefiar o Banco Central Europeu (BCE).

Na votação secreta que decorreu ao final da tarde de quarta-feira, Lagarde teve o apoio de 37 deputados e a oposição de 11, tendo-se, ainda, registado 4 abstenções.

Segue-se dentro de duas semanas uma votação no plenário do Parlamento Europeu, confirmando ou não a posição do Comité.

As votações no Parlamento Europeu não são vinculativas, mas são um passo político importante na escolha da ainda diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) para presidente do BCE, decisão final que será tomada em outubro pelo Conselho Europeu.

Lagarde abandona o FMI a 12 de setembro e, caso seja escolhida finalmente pelo Conselho Europeu, sucederá a Draghi a 1 de novembro.

Christine Lagarde tornou-se, em 2011, na primeira mulher a liderar o FMI, sucedendo a Dominique Strauss-Kahn, outro antigo ministro francês que se demitiu após ser alvo de acusações de agressão sexual contra uma empregada de um hotel nova-iorquino. Se for escolhida para liderar o BCE, será também a primeira mulher a assumir a presidência daquele órgão.

Por enquanto, o banco central da zona euro tem apenas duas mulheres entre os 25 membros do seu orgão máximo, o Conselho de Governadores.

Presença inconfundível, com um discurso acutilante e um estilo aplaudido como distinto, elegante e chique, Lagarde nasceu há 63 anos em Paris e licenciou-se em Direito, tendo uma pós-graduação em Ciência Política.

Começou a exercer advocacia em 1981, contratada pelo escritório internacional de advogados Baker & McKenzie, no qual trabalhou como especialista em questões laborais, de concorrência e fusões e aquisições.

Com o tempo, Christine Lagarde foi subindo na hierarquia da Baker & McKenzie, já nos Estados Unidos, e entrou em 1995 no conselho executivo, tornando-se, quatro anos depois, sua presidente, e tornando-se na primeira mulher a ocupar a direção da firma. Em junho de 2005 deixou a empresa para fazer parte do governo de Nicolas Sarkozy.

Foi nomeada em 2005 para a pasta do Comércio e, dois anos depois, Nicolas Sarkozy escolheu-a para assumir a tutela da Economia e Finanças. Em 2009, o diário Financial Times considerou-a a melhor ministra das Finanças na Europa.

Como ministra francesa das Finanças, presidiu ao Ecofin no segundo semestre de 2008 e depois ao G20 durante a presidência francesa, em 2011.

Quando terminou o seu primeiro mandato de cinco anos no FMI, após ter atuado na primeira linha de gestão da crise da dívida na zona euro, foi reeleita por consenso para um segundo mandato, em julho de 2016, sem que qualquer outro candidato se tivesse apresentado.

Christine Lagarde esteve em Portugal em março, quando participou no Conselho de Estado, que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa, onde a diretora-geral do FMI foi a convidada especial.

Nessa altura, Lagarde elogiou os “enormes progressos” de Portugal, mas frisou que é preciso intensificar esforços para que o País esteja preparado para o futuro. Lagarde é divorciada e mãe de dois filhos.

ZAP //

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