Se nada se alterar, o embargo à Huawei pelos Estados Unidos (EUA) vai entrar em pleno vigor já em novembro. Isto significa, muito provavelmente, o fim do Android em dispositivos da empresa chinesa que era – até ser colocada numa lista negra por Donald Trump – a segunda maior fabricante de telemóveis do mundo.
Mesmo assim, a Huawei deve divulgar em setembro um novo smartphone topo de gama, o Mate 30, à semelhança do que tem feito nos últimos anos, avançou a Reuters, citada na quinta-feira pelo Observador.
O Mate 30 vai ser conhecido a 18 de setembro, mas ainda não há data de lançamento. Ao mesmo meio, um porta-voz da Google afirmou que, enquanto se mantiverem as atuais restrições, o Mate 30 não pode ser vendido com aplicações da empresa, como o Google Maps ou o Gmail.
Atualmente, há um período de suspensão do embargo a decorrer nos EUA que permite às empresas “adaptarem-se” a este cenário, mantendo negócios com a Huawei. Contudo, para as empresas americanas negociarem até novembro com a tecnológica chinesa, têm de ter uma autorização do governo dos EUA, e nenhuma foi ainda concedida.
Os ‘smartphones’ da gama Mate têm sido dos principais modelos da Huawei. Em 2018, o Mate 20 foi amplamente aclamado pela crítica por ter novas funcionalidades e especificações de hardware inovadoras.
Contudo, por mais características cativantes de hardware este telemóvel tenha, como referiu um analista de mercado ao mesmo jornal, o cenário pode não ser bom. “Sem os serviços da Google, ninguém vai comprar o aparelho”, disse Richard Dawson.
A Huawei tem sempre a possibilidade de utilizar as componentes abertas do sistema operativo Android. Contudo, estando a Google proibida de trabalhar com a gigante chinesa, não tem muitas soluções para continuar a utilizar o sistema e ser cativante para os consumidores que querem utilizar os serviços da Google como utilizavam até agora.
Ao mesmo meio, um porta-voz da Huawei disse que a empresa “vai continuar a utilizar o Android e o seu ecossistema se o governo dos EUA assim o permitir”. Contudo, se não puder, vai continuar a desenvolver o seu próprio sistema operativo. Recentemente, a empresa divulgou que está a desenvolver o Harmony, o seu próprio software base para dispositivos móveis. A Huawei tem afirmado que é capaz de disponibilizar rapidamente o novo sistema operativo para os equipamentos vendidos aos utilizadores.
A hipótese de lançar um novo sistema operativo tem sido encarada por especialistas e executivos da Huawei com alguma relutância, escreveu ainda a Reuters. Atualmente, o Android é o sistema operativo móvel mais utilizado em todo o mundo, com a maioria dos utilizadores de ‘smartphones’ a usarem este software.
O Observador pediu mais informações sobre este tema à Huawei, que remeteu para as declarações do porta-voz da empresa noticiadas pela Reuters.
No início da última a semana, a Bloomberg revelou que o impacto desta incerteza quanto ao futuro da empresa, mesmo que embargo não avance, pode ser “doloroso” para as suas receitas a médio e longo prazo da Huawei.
Só este ano, a empresa estima que vai vender menos 60 milhões de equipamentos, disse o mesmo meio. Este segmento de produtos para consumidores da Huawei representou cerca de 45% das receitas em 2018 e é considerado pela gigante chinesa um sector essencial para o seu futuro.
Os EUA afirmam que a Huawei é uma ameaça à segurança nacional por espiar a favor do governo chinês. No meio de uma guerra económica entre os dois países, o bloqueio à empresa tem sido um dos pontos mais quentes. Outros países, como a Austrália ou o Japão, também têm imposto restrições à gigante tecnológica, que tem reiteradamente negado as acusações.
Para reestabelecer o equilíbrio, tento adquirir produtos sem componentes oriundos da china (que é quase uma escolha impossível), tem que ser custa a que custar