Número de mulheres à espera de dadores para serem mães mais do que duplicou

A lista de espera de mulheres que precisam de recorrer a espermatozoides e óvulos para engravidar mais do que duplicou no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado.

Segundo noticiou o Jornal de Notícias esta quarta-feira, citado pela Rádio Observador, são 769 mulheres e representam um aumento de 128%. O problema é que faltam espermatozoides e óvulos no Banco Público de Gâmetas.

Os tempos de espera para estas mulheres ultrapassa os dois anos: 26 meses se esperarem por espermatozoides e 29 meses se precisarem de óvulos. Isto para quem recorre ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e ao Banco Público de Gâmetas.

Cláudia Vieira, presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade, explicou à Rádio Observador que a doação de gâmetas em Portugal ainda não é tão bem aceite como a doação de medula, por exemplo.

Desde que o Tribunal Constitucional determinou que as doações deixariam de ser anónimas, o número de dadores de esperma diminuiu. E representam o maior constrangimento da lista de espera: estão 480 mulheres só à espera de espermatozoides para o processo de Procriação Medicamente Assistida – três vezes mais do que em 2018.

A alteração da lei também dificulta a importação, porque o esperma só pode vir de países onde seja permitido às pessoas nascidas neste processo conhecer a origem dos gâmetas.

Já a falta de óvulos não se deve tanto à falta de dadoras, mas à falta de centros onde possa ser feita a recolha. Neste momento, só é possível fazê-lo no Porto ou em Coimbra. A Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, diz não ter recursos humanos. O problema é que, ao contrário da doação de esperma que pode ser feita com uma única visita, a doação de óvulos implica várias etapas e várias visitas ao centro de recolha.

TP, ZAP //

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