A reabilitação das ruínas romanas termais em São Pedro do Sul foi hoje inaugurada, depois de um investimento de 1,8 milhões de euros, num monumento fechado há 70 anos, que conta com 2000 anos de história.
“É a maior obra cultural a nível de toda a região centro, e quando falo em região centro é de Lisboa até ao Douro, e o que temos aqui é único a nível nacional, não existe mais nada parecido com isto”, regozijou-se o presidente da Câmara Municipal de São Pedro do Sul.
Vítor Figueiredo assumiu que “era uma obra esperada pelas pessoas há mais de 70 anos” e, nesse sentido, revelou-se “satisfeito por estar a dar ao público, às pessoas das termas e às que as visitam a possibilidade de realmente verem este património que é importante e urge preservar e divulgar”.
“Trata-se de um dos complexos termais de origem romana mais importantes e bem conservados dos existentes no país, com uma utilização contínua ao longo de 2000 anos, e que sempre se constitui o grande motor do desenvolvimento regional”, sustentou.
No entender do autarca, “é um monumento único a nível nacional” e “muito importante para o património cultural do concelho e do país”, e que “terá, até ao final do ano, um centro interpretativo com peças encontradas no decorrer da obra”, e com uma área virtual com informação histórica.
No espaço foram encontradas, durante a intervenção, que começou no segundo trimestre de 2017, “uma série de peças como moedas, utensílios de barro, outro tipo de utensílios ligados à parte termal” e que, segundo o autarca, “estão devidamente catalogadas e inventariadas e guardadas”, para que os arqueólogos possam selecionar para o centro interpretativo.
Segundo o autarca, “o edifício vai ser visitável, a partir de amanhã [quinta-feira], depois, em condições melhores, a partir de dezembro e, nessa altura, há um compromisso para ter entradas pagas“, assumiu o autarca que esclareceu que, até lá, a entrada é gratuita.
“Ao fim e ao cabo, o que temos aqui é um museu. O próprio edifício é um museu”, esclareceu Vítor Figueiredo, que defendeu que este monumento nacional, classificado desde 1938, tem um “incontestável valor histórico, arqueológico, cultural e patrimonial que vai criar mais valias para o turismo, e contribuir para o interesse científico” da região.
A presidir a cerimónia esteve a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que enalteceu o “bom exemplo de parceria entre o Estado Central e o município”, uma vez que o investimento “superior a 1,8 milhões de euros contou com financiamento privado e público, do município e do Governo, e com apoio da comunidade europeia”.
“É um tesouro nacional do ponto de vista arqueológico e histórico. As termas de São Pedro do Sul não são apenas um dos mais bem conservados complexos termais do nosso território. Elas testemunham 2000 anos de história, tanto a herança cultural da civilização romana, através dos seus mais reconhecidos hábitos, como a história da nossa nacionalidade”, elogiou Graça Fonseca.
A governante lembrou a estadia de “diversos monarcas que frequentaram e protegeram” as termas, nomeadamente Afonso Henriques, que deu o nome a uma das referências do monumento, a piscina, que frequentou após fratura sofrida na Batalha de Badajoz, em 1169.
“O património, mais do que a memória, deve ser presente e futuro, deve ser visível e visitável em condições dignas e que deem a conhecer a quem o visita a herança cultural portuguesa, que é múltipla e diversa”, defendeu a ministra.
Após a visita, e recusando falar sobre qualquer outro assunto que não fossem as termas de São Pedro do Sul, Graça Fonseca disse aos jornalistas que a reabilitação “ficou muito integrada, aquilo que é o elemento histórico e aquilo que é o elemento original do edifício, com aquilo que são os elementos contemporâneos desta reabilitação, nomeadamente a sua integração”.
A título de exemplo, e “talvez o mais emblemático“, no entender da ministra, encontra-se “na zona da piscina, com integração da nova cobertura com aquilo que é uma das maiores paredes da segunda recuperação deste edifício das termas romanas, e essa integração é harmoniosa”. “É um bom exemplo daquilo que deve ser feito no património cultural”, afirmou.
// Lusa
Com obras inacabadas e cosmeticamente disfarçadas, o complexo foi INAUGURADO mas sem o público lhes ter acesso.
INAUGURAR = expôr pela primeira vez ao público (cf. Dicionário Priberam).