Alasca regista temperatura recorde de 32°C

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O impacto das alterações climáticas elevou a temperatura para lá dos 32ºC em Anchorage, estabelecendo um recorde histórico na maior cidade do estado norte-americano do Alasca.

Esta sexta-feira, a temperatura ultrapassou os 32°C em Anchorage, estabelecendo um recorde histórico na maior cidade do Estado norte-americano do Alasca, que sofre em pleno o impacto das alterações climáticas. Segundo os meteorologistas, a temperatura máxima média para um dia 4 de julho em Anchorage é de 18,3°C.

“Às 17:00 horas, o aeroporto internacional de Anchorage atingiu oficialmente os 90 graus (Fahrenheit, cerca de 32,2°C) pela primeira vez”, segundo mensagem divulgada na rede social Twitter pela agência meteorológica do Serviço de Meteorologia Nacional (NWS).

O recorde anterior tinha sido estabelecido em 14 de junho de 1969, nos 85 graus (29,4°C). As primeiras mediações de temperatura no aeroporto começaram em 1952.

“Outros registos históricos foram superados em vários sítios de observação divididos no sul do Alasca”, que sofre “uma vaga de calor” para alguns peritos, sublinhou o NWS. Foi nomeadamente o caso em Kenai, onde se registaram 31,6°C, depois de 30,5°C em junho de 1903 e de 1953, e em King Salmon, que teve 31,6°C.

Os tradicionais fogos de artifício de 4 de julho, feriado nacional dos Estados Unidos, foram anulados devido a “condições meteorológicas extremamente secas”, que aumentam consideravelmente os riscos de fogos florestais.

As temperaturas excecionalmente quentes no sul do Alasca são provocadas por uma “vasta zona de alta pressão que se encontra mesmo por cima” do Estado, explicou o meteorologista Bill Ludwig, do NWS.

Segundo os cientistas, o Alasca está a ter um aquecimento duas vezes mais rápido que a média do globo. De “1901 a 2016, as temperaturas médias nos EUA aumentaram um grau Celsius, enquanto no Alasca subiram 2,6 graus”, destacava em abril Rick Thoman, perito do Centro de Avaliação e de Política do Clima do Alasca.

O impacto é devastador para as comunidades costeiras do Alasca, compostas principalmente de autóctones cujas aldeias estão a ser corroídas inexoravelmente pela erosão, obrigando-as a mudar cemitérios ou escolas, como constatou uma equipa da AFP em abril último.

O ‘permafrost’ – camada de solo que em teoria estaria gelada durante todo o ano -, que representa até 85% da superfície do Alasca, está em vias de fundir inexoravelmente. Isto fragiliza os alicerces, muda as condições de habitabilidade de numerosas espécies animais e mesmo a apanha sazonal das bagas que crescem na tundra.

O aquecimento global perturba também em muito o modo de vida tradicional destas comunidades isoladas, que dependem parcialmente da caça e da pesca para a sua subsistência.

Os cursos de água gelados, que têm servido de vias de comunicação durante o inverno e a primavera, conhecem agora degelos precoces, o que provocou um aumento de acidentes mortais.

ZAP // Lusa

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