Uma equipa de cientistas pode ter desvendado o segredo da origem dos filisteus, o povo mencionado no Antigo Testamento que viveu em território israelita.
Chamar alguém de filisteu é rotulá-lo de inculto, mas para os hebreus na Bíblia cristã significava algo ainda pior: os filisteus eram o “adversário”.
Agora, a análise de ADN de dez esqueletos filisteus revelou que este povo era uma comunidade geneticamente distinta. Por volta do ano 1200 a.C., em pelo menos uma importante cidade filisteia, houve um influxo de genes do sul da Europa, sugerindo uma onda de imigrantes gregos para a região, explica Michal Feldman, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana em Jena, na Alemanha.
O Antigo Testamento da Bíblia faz várias referências aos filisteus. Golias, o “gigante” que lutou contra Davi, era filisteu, por exemplo.
A equipa de Feldman tentou extrair o ADN de 108 restos de esqueletos escavados de vários locais em Ashkelon, na costa do que é atualmente Israel, datados da Idade do Bronze ou da Idade do Ferro. Dez produziram informações genéticas úteis a partir dos ossos ou dentes. Os cientistas compararam essas informações com ADN de outras populações em todo o mundo, tanto antigas quanto modernas.
Os restos encontrados em Ashkelons poderiam ser divididos em três períodos de tempo. Os primeiros três indivíduos encontrados numa necrópole são, provavelmente, de 1600 a.C., quatro eram bebés que tinham sido enterrados por volta de 1200 a.C., e três indivíduos foram encontrados num cemitério na muralha da cidade e foram enterrados por volta de 1100 a.C..
Segundo o New Scientist, as pessoas do período intermediário tinham ascendência do sul da Europa, com 20 a 60% de similaridade com ADN de esqueletos antigos de Creta e da Península Ibérica e de pessoas modernas da Sardenha, uma ilha italiana.
No entanto, a ancestralidade grega do último grupo não era mais forte do que a do primeiro, o que significa que estes “imigrantes” penetraram a população local “até que essa ancestralidade estrangeira fosse diluída“, explica Feldman.
“Colocar os dados genéticos lado a lado com os dados arqueológicos fortalece o argumento de que houve migração das áreas que agora chamamos de Grécia e oeste da Turquia“, adianta Christoph Bachhuber, da Universidade de Oxford, que não esteve envolvido no estudo.