A elaboração das listas eleitorais do PSD para as legislativas está a gerar desconforto no seio do partido. Prevê-se uma grande renovação de nomes e há quem fale em “limpeza”. Alguns deputados “antes de serem varridos auto-excluem-se”, refere o vice-presidente da mesa da Assembleia Distrital do PSD Porto.
A forma como está a ser elaborada a lista de deputados do PSD para as legislativas está a provocar “descontentamento” dentro do partido, com o vice-presidente da mesa da Assembleia Distrital do PSD Porto, José Manuel Soares, a assumir a crítica ao processo, considerando que a proposta actual não será representativa do interior do distrito.
O jornal Sol apurou que “as listas do PSD vão ser alvo de uma grande renovação” com vista às próximas eleições legislativas. Deputados como Teresa Morais, António Leitão Amaro, Paula Teixeira da Cruz, Matos Correia ou Mercês Borges devem sair, prevendo-se também mudanças nos cabeças de-lista.
O semanário diz que está uma “limpeza em curso”, apontando que “críticos de Rui Rio estão a ser indicados em várias concelhias”.
O ex-líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, crítico assumido de Rui Rio, será um desses casos, sendo um dos nomes indicados para a lista concelhia de Braga, com o apoio do presidente da Câmara local, Ricardo Rio.
Mas estas indicações poderão não passar de “fogo-de-vista”, com o “descontentamento” a crescer em algumas concelhias que “sentem que a questão é aritmética e que, portanto, não vale a pena escolher os melhores”, aponta José Manuel Soares em declarações à Lusa.
“É mais ou menos público” que a Direcção Nacional do PSD “terá quatro ou cinco lugares, membros da distrital também são à volta de quatro ou cinco, somando a isto um representante da JSD e outro dos TSD e estamos em 10/11 pessoas”, atesta aquele dirigente. “Se formos a fazer contas, o Método de Hondt aplicado às europeias dava 11 deputados do Porto para o PSD, ou seja, está resolvido”, sublinha ainda.
José Manuel Soares lembra que este alerta tinha já sido deixado na Assembleia Distrital do PSD do Porto onde se aprovou um documento estratégico que define critérios a ter em conta na escolha dos nomes, frisando que contudo, “não houve qualquer disponibilidade” para o acolher.
“São tudo palavras vãs”, conclui o dirigente que admite ter ponderado “ser candidato a candidato”.
“Um refrescamento ao contrário”
Para já, o vice-presidente da Mesa da Assembleia Distrital do PSD Porto recusa acreditar que estas indicações vêm do próprio presidente do partido, Rui Rio, mas salienta que “a Direcção Nacional não é um homem só, é um projecto colectivo”.
“Eu acho que se está a fazer um refrescamento ao contrário, quase uma limpeza” diz, sublinhando que todos os dias há declarações de deputados a anunciar que não o serão mais, numa espécie de “antecipação ao inevitável: antes de serem varridos auto-excluem-se”.
Se nada for feito, José Manuel Soares admite que o PSD possa ter um mau resultado nas legislativas no distrito.
“Temo que, por causa disso, haja um descontentamento tão grande em algumas concelhias que a mobilização dos nossos militantes para a campanha eleitoral seja difícil”, avança, alertando que esse dado pode levar as pessoas a questionarem “se vale a pena”.
O presidente da Distrital do PSD Porto, Alberto Machado, assegura que, até ao momento, a Comissão Política ainda não foi informada de qualquer situação que esteja a acontecer em alguma concelhia.
“Não vamos desviar-nos um milímetro da metodologia que está traçada”, afirma à Lusa. “Nós já temos, neste momento 10 ou 11 concelhias que definiram os seus candidatos”, refere ainda Alberto Machado, destacando que “o limite é dia 24” e que até esse dia “a distrital não vai fazer absolutamente nada” prque nem sabe “quem são as pessoas que cada concelhia vai indicar”.
“A única coisa que nós fizemos foi criar alguns critérios adicionais àqueles que a comissão política nacional definiu”, acrescenta, sublinhando que compete às concelhias colocar este documento em prática.
Em resposta à Lusa, também o secretário-geral do PSD, José Silvano, sublinhou que “o processo é claro, transparente e obedece às normas estatutárias”, sendo as concelhias “livres” de indicar as suas escolhas às Comissões políticas distritais até 27 Junho.
O dirigente explica que até 1 de Julho, as comissões políticas distritais indicam à Comissão Política Nacional (CPN), os candidatos aprovados, seguindo-se, até 17 de Julho, as reuniões das comissões políticas distritais com a CPN. Até final de Julho, a CPN e o Conselho Nacional aprovarão as listas.
“Como decorre deste calendário, não há qualquer interferência do presidente do partido nem da comissão política nacional até 7 de Julho”, salienta o secretário-geral, que acrescenta que “quanto aos critérios da indicação dos nomes, estes foram aprovados na CPN e nas Assembleias distritais e são do conhecimento público”.
ZAP // Lusa